Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

O velho trote telefônico foi "transferido" para golpes no e-mail

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Até há bem pouco tempo, não havia dia em que meu e-mail não recebesse dezenas de mensagens oferecendo milhões em dólares, principalmente de pessoas que estavam morrendo – sempre de câncer – em países distantes e não tinham herdeiros. Davam todo tipo de informação sobre como conseguir a grana sem o menor problema.



A pandemia mudou essa “dadivosidade” para ofertas de dinheiro de várias maneiras. Principalmente em bancos, casas de câmbio, particulares. São tantas e tão constantes que acredito que algum babaca deve cair no truque. Como aquela mulher que comprou pacote de bala em sinal de trânsito pagando com Pix. Ouvi contar, não foi em BH, mas dizem que ficou sem tostão, sua conta foi zerada junto com as balas. Pode até ser verdade, mas como os casos sem fundamento correm a realidade atual, têm francos sinais de realidade.
Depois que caí com toda burrice no golpe do cartão de crédito, no qual não perdi nada, só aprendi para o resto da vida a não acreditar em nenhum desses avisos telefônicos ou de e-mail, acredit

Na semana passada, recebi um telefonema de suposta funcionária do banco onde tenho conta me avisando de que estava com um problema em Confins, com R$ 3 mil bloqueados na compra de uma passagem. Perguntei de novo o que estava acontecendo, ela insistiu na informação urgente e a vontade que tive, para resolver o problema, foi mandar que ela tomasse onde as patas tomam. Esse tipo de telefonema deve partir de gente que não tem o menor conhecimento do funcionamento entre bancos e correntistas. Se tivessem, não perderiam seu tempo. No mundo real, funcionário de banco não telefona para coisa nenhuma, a não ser para conferir valor de cheque alto que foi dado a terceiros.

A curiosidade maior também é o número de cobranças de dívidas não pagas, que caem aos montes no e-mail. E as dívidas que estão vencendo, as cobranças indevidas, as ofertas de financiamento. Como não tenho mais celular, não recebo de minuto a minuto oferta de empréstimos e financiamento como vejo acontecer com amigos que têm. E como o som da chamada chega a todo minuto, não acredito que não haja um meio de o proprietário do aparelho se livrar da perseguição. Parece que não há.



Mas avaliando friamente a situação, já tomei conhecimento de pessoas esclarecidas que saíram de casa para mandar dinheiro para golpistas, no mais das vezes para se livrar de ameaças de rapto. Quando o telefone se transformou em serviço normal nas casas, os patetas usavam o aparelho para o que então se chamava trote – mentiras que não podiam ser identificadas.

Conheço pessoas que já foram apresentar queixas na polícia por causa de roubos realizados através de celular, mas como são tantas e tão constantes, muitos preferem deixar pra lá. Avaliando o montante desse tipo de golpe, acredito que, na realidade, não são poucas as pessoas que, por desconhecimento, ingenuidade ou medo caiam neles.

Uma curiosidade: grande número dessas mensagens falsas vem de Ribeirão Preto, assinadas por uma empresa que se identifica como Douglas. Só para reforçar, no meu e-mail de ontem, havia vários avisos de títulos abertos, prontos para serem mandados “pro pau” se não fossem pagos, avisos de contas suspensas por não pagamento (graça disso é que todas elas são de empresas com as quais não tenho o menor contato), disponibilidade de pedidos de empréstimos aceitos, apesar dos altos valores e muito mais.

Fico só imaginando como é que essas pessoas têm o trabalho de encher os e-mails alheios de tanta falsidade, de tanta tolice, de tanta burrice.




audima