Meu colega e amigo luziense Gustavo Werneck foi cobrir aquele projeto turístico que busca repetir aqui o Caminho de Santiago da Espanha – que leva de Ouro Preto a São Tiago (tomara que pegue) – e trouxe do Caminho do São Tiago mineiro um pacote de biscoito. A cidade, que fica no Campo das Vertentes, é conhecida como a “Terra do Biscoito”. Nunca tinha ouvido falar e era bom que seus produtos se tornassem mais conhecidos por aqui. Isso porque a maioria desse tipo de biscoito, que se encontra por aqui, é quase sempre um desastre. Porque é preciso manter o preço, o que não acontece com o produto de fábricas nacionais conhecidas, alguns deles bem acima do nosso poder aquisitivo. Já gostei muito de fazer biscoitos, atualmente não tenho a menor paciência. Minha irmã faz em casa uma das receitas mais rendosas e comuns, que batizamos de “biscoito língua”, porque não tem muito sabor, mas é legal para acompanhar um cafezinho.
Em 20 de julho, foi comemorado o Dia do Biscoito e, para marcar a data, recebi um texto explicativo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados. São dicas bem simples para conservar o alimento e conservar sua crocância por mais tempo, que começa com o que todos nós sabemos: é normal o biscoito que sobrou do dia anterior ficar sem graça. Isso acontece porque o biscoito absorve a umidade e fica desagradável. Conselho de minha experiência: costumo voltar com eles para dar uma torradinha nova no forno.
Mas as dicas que recebi são bem práticas. Por exemplo: para manter os biscoitos crocantes e fresquinhos, eles devem ser guardados em pote de vidro bem fechado. Isso vai impedir que absorva a umidade do ar e acabe ficando murcho. Outra opção é a da temperatura baixa, que funciona colocando os biscoitos em sacos hermeticamente fechados e depois colocá-los na geladeira, o que ajudará a manter todas as qualidades e texturas do alimento. Novidade mesmo é a do pãozinho: fresquinho ou amanhecido, o pão pode ser um ótimo aliado para manter a crocância dos biscoitos. Isso porque ele tem um alto poder de absorção, basta colocar um pedaço dentro do pote, que ele ficará com a tarefa de absorver a umidade.
E a minha mágica de levar o biscoito ao calor do forno também é sugerida para recuperar a crocância, basta dispor os biscoitos sobre uma travessa ou um prato, de forma que um biscoito não fique sobre o outro. Em seguida, leve ao micro-ondas por 1 minuto em potência alta e pronto. É só retirar e esperar esfriarem que eles estarão crocantes e fresquinhos.
Uma curiosidade muito nossa é confundir a qualidade do comestível: é bolacha ou biscoito. Este é um dos questionamentos mais frequentes e curiosos entre os brasileiros. As duas expressões estão corretas e equivalentes no que diz respeito à legislação. A diferença está no modo de preparo. Ambos são feitos com massa de farinha de qualquer cereal, com ou sem açúcar, gordura ou levedura. Normalmente, as bolachas são secas, enquanto os biscoitos podem ser secos ou úmidos. Apesar da pluralidade em seus formatos, as bolachas distinguem-se dos biscoitos por serem planas.
A palavra biscoito vem do latim bis (duas vezes) %2b coctus (cozido) e chegou ao português pela palavra francesa biscuit, que surgiu no século 12. O nome vem da prática de assar o alimento duas vezes para que ficasse menos úmido e durasse mais sem estragar. Bolacha vem de bolo (do latim bulla, objeto esférico) com o sufixo acha, que indica diminutivo. A palavra holandesa koekje significa a mesma coisa e gerou termos como cookie e cracker". E o produto mais comum nas casas brasileiras é sem dúvida o maria ou maisena.
Na comparação entre as versões, não existem grandes diferenças: o maria é um biscoito redondo de formulação tradicional com leve sabor de baunilha e leite, enquanto o maisena tem o formato retangular ovalado, com formulação tradicional e aromas de baunilha, laranja e limão. A diferença entre o cream-cracker e o água e sal também é pequena: o que muda de um para o outro é a quantidade de gordura, que é maior no cream-cracker do que no do biscoito água e sal. Isso é necessário para deixar a massa do cracker mais cremosa e crocante.