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Estado de Minas ANNA MARINA

Rabino Eliahu Hasky explica a posição da mulher no judaísmo

Religioso e professor brasileiro afirma que, por falta de conhecimento, a visão sobre a mulher judia é relacionada à submissão


02/08/2021 04:00 - atualizado 02/08/2021 09:00

Mulher judia reza na sinagoga de Ashdod, em Israel (foto: Amir Cohen/Reuters)
Mulher judia reza na sinagoga de Ashdod, em Israel (foto: Amir Cohen/Reuters)

O povo judeu é um dos assuntos preferidos de minha vida. E sofridos também. Já contei aqui que livros sobre campos de concentração são um tormento que gosto de conhecer e o tanto que chorei quando fui passar uma temporada em Israel. Visitei o Museu do Holocausto num choro só – quando cheguei lá em cima, as lágrimas não pararam.

Como me interesso muito pelo assunto, gostei de um texto que recebi de Rav Eliahu Hasky, rabino brasileiro de origem egípcia que vive em Israel desde os 19 anos. Professor, mantém há cinco anos projeto de ensino de Torah e Cabala em plataformas digitais, com mais de 230 mil seguidores e alunos. A seguir, ele esclarece a verdadeira posição da mulher no judaísmo e muita coisa que não conhecemos:

“Você sabia que a mulher judia é a líder da família? Que ela pode trabalhar, apesar de não ser a sua obrigação, e ajudar também na administração das finanças da casa? Por falta de conhecimento, a visão sobre a mulher judia é relacionada à submissão. Mas vou te mostrar o real valor da mulher nessa cultura milenar. Há mais de 3 mil anos, quando a maior parte dos povos colocava a mulher em caixas para trocar por uma mercadoria, para o povo de Israel o ventre da mãe definia se o filho era judeu ou não. Ou seja: até hoje, a origem judaica vem da mãe.

O judaísmo sempre foi marcado pelo matriarcado. Na época bíblica, havia profetisas e juízas. Elas estavam presentes no Monte Sinai quando Deus firmou o seu pacto com o povo de Israel. Participavam ativamente das celebrações religiosas, sociais e até dos atos políticos. Mas, com o passar do tempo e por força das más influências estrangeiras, especialmente grega, elas foram excluídas de toda atividade pública e passaram a ficar relegadas ao lar.

Mesmo com as revoluções sociais ao longo do século 20 que levaram a mulher de volta ao patamar que sempre lhe coube e com o matriarcado intrínseco à cultura judaica, explica-se por que as judias geralmente não abominam cuidar da casa, cozinhar e educar seus filhos. Pelo contrário, essas funções são os seus principais valores.

No judaísmo, a mulher é tão diferente do homem quanto o homem o é da mulher. Aceitar as nossas diferenças é reconhecer nossos valores, princípios e funções sem brigar por uma suposta igualdade entre os gêneros, e é exatamente isso que as mulheres judias definem como feminismo: o reconhecimento de toda sua feminilidade em seu devido lugar.

Inclusive, na religião judaica, os valores de vida são as nossas ambições – e não o dinheiro, como é sustentado na sociedade secular. Hoje, de forma genérica, a mulher continua sendo tratada como mercadoria e seu valor está ligado à liberdade de fazer o que quiser, inclusive sexualmente, e usar o que quiser, como roupas curtas e vulgares, além de um comportamento que estimula a promiscuidade, destrói famílias e oprime as próprias mulheres.

Isso tira o foco do valor real da mulher e de sua importância para o lar, uma vez que dificilmente uma mulher consegue criar uma família com esse tipo de comportamento, sem valores básicos para uma sociedade saudável. A mulher judia pode trabalhar, ajudar e cuidar das finanças da casa, ela lidera toda a família para que o homem possa, além da obrigação de trabalhar e sustentar a família, estudar a Torah e rezar. É uma cooperação e há verdadeiro equilíbrio e respeito nessa troca. A família judaica, quando bem constituída, funciona como um time invencível, com valores e princípios que ultrapassam gerações.

Na lei judaica, a Halacha, a mulher deve se manter discreta em público, existem leis de comportamento no vestir, no falar e no agir, o que é conhecido como as leis de tzniut, traduzido como recato ou modéstia. As leis do recato também se aplicam aos homens com as devidas adaptações quanto à vestimenta. Isso é feito para mostrar que ambos não são objeto sexual ou produto, como podemos observar em ambientes seculares, tirando assim o foco do corpo e trabalhando o desenvolvimento mental. No caso das mulheres, também há estímulo ao desenvolvimento delas como esposas, mães e empresárias, se assim decidirem.

As mulheres são as grandes administradoras do lar e cuidam da educação dos filhos, e para isso ficam liberadas da obrigação do cumprimento de determinados preceitos judaicos que têm um momento específico para serem cumpridos pelos homens. Em uma tradição em que a obrigação de cumprir os preceitos divinos é considerada grande honra e prova da escolha e do amor de Deus pelo seu povo, a isenção da mulher de certas obrigações se cobre de significados. A mulher é mais elevada em todos os sentidos, seu contato com Deus é íntimo e natural.

A mulher judia também participa nos campos rituais e religiosos. Muitas vezes mais profundos e simbólicos que o próprio homem. A mulher judia é respeitada e reconhecida de acordo com os princípios judaicos, princípios estes valorizados e desejados por pessoas de todos os povos.”

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