Jornal Estado de Minas

Agosto chegou com jeito de setembro, antecipando a primavera

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A prisão domiciliar provocada pelo coronavírus consegue ter, vez ou outra, uma fuga de alegria. Como o tempo não está para brincadeira, e o frio só pede cobertor e cama, a casa pode ser reconfortante. E nesse tempo estranho, quando não chove, temos que ir levando o cotidiano como é possível. Depois de encarar uma conta da Copasa de mais de R$ 1.800, aprendi que com o frio é possível molhar o jardim duas vezes por semana. Iniciei esse projeto e vou agradecer se der certo. Porque o meu jardim tem agradecido a água com alegria e muito luxo.





A cada dia que passa, tenho uma bela surpresa, como estão acontecendo com meu cipó de São João. Para quem não conhece, é aquela trepadeira que só floresce uma vez por ano e dá cachos lindos de flores laranja. Trouxe a muda do interior, ela cresceu no muro, foi parar no telhado da casa, do telhado passou pelos pinheiros do jardim. Resultado: o pinheiro está com belos ramos de flores, além do muro. Quem chega em minha casa, vê logo a explosão de cor de uma trepadeira pouco comum na cidade.

Outro lance mais do que bonito é a congea, uma trepadeira que foi se alastrando pelo muro da casa. Plantada na entrada, foi descendo muro abaixo e está imensa, não só na porta, como em uma mangueira de todo tamanho que tenho no fundo do jardim. Ela é linda, delicada, dá pequenas flores rosadas que cobrem tudo, não se vê uma só folha em toda a área de ramagem. Da mangueira não se vê uma só folha, é só flor. Pena que a congea só floresce uma vez por ano, dura muitas semanas floridas, mas o que resta em outros dias é apenas uma espécie muito farta de trepadeira, as folhas são bem verdes, permanentes.

Outra flor que me encanta é a cabeça de velho. Recebi uma muda de minha amiga Consuelo Garzon, que não vejo há muito tempo. Ela cresceu e também só floresce uma vez por ano. Da noite para o dia, a árvore, que não é pequena, deixa de ser completamente verde para se transformar em completamente branca. Cobre-se totalmente de flores que duram mais ou menor um mês. Começa a amarelar, o branco acaba e o verde volta.





Como se as flores não bastassem, a natureza ainda me deu outra alegria: uma leva de jabuticabas temporonas. Já contei aqui, mas não custa nada repetir, que tenho uma jabuticabeira que ganhei do então governador e meu amigo Hélio Garcia. Uma agência da Caixa Econômica, na Avenida Afonso Pena, ia ser demolida e bem na ponta do terreno tinha um pé de jabuticaba que ia ser cortado. Pedi daqui e dali e o pé foi parar no meu jardim. É lindo, grande, e já deu mais quatro filhotes. Então, de vez em quando as frutas aparecem fora da estação.

Na primeira vez, foi quando meu sobrinho, que mora no Canadá com a família, veio passar férias aqui. Como acontece comigo, ele também adora jabuticaba. E meu pé deu uma boa safra, não muita, mas o suficiente para que ele matasse a vontade. Agora, ela deu uma nova safra. Adotei o truque que me ensinaram de colocar garrafas de vidro de tampa para baixo penduradas nos galhos para espantar morcegos, e deu mais ou menor certo. Consegui colher muitas “jabutis” e me fartei com elas. O reflexo só apareceu na medição diária da glicose.

Trago esse prazer gastronômico da minha infância, como sou de Santa Luzia, a maioria dos quintais tem pés francos da fruta, que florescem todos os anos e foram companheiros dos meus dias de menina. Gostava tanto que uma tia querida, do meu lado paterno, mandava uns balaios da fruta para mim. E quando me mudei para uma casa, a primeira coisa que me veio à cabeça foi ter uma jabuticabeira em meu jardim. Agora tenho cinco, mas por enquanto duas delas ainda não dão frutos.

Herdei essa mania de minha mãe e, como ela, adoro orquídeas. Só que este ano elas não estão muito ativas, florescer que é bom, nada. Apesar de ter um cuidador que é craque no assunto. Vamos ver se daqui até setembro elas tomem vergonha e floresçam.




audima