Amanhã, 8 de agosto, é o Dia Nacional do Combate ao Colesterol. O propósito é alertar para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das doenças cardiovasculares. A patologia é um tipo de gordura essencial para o funcionamento de células do cérebro, nervos, músculos, pele, fígado, intestinos e coração, no entanto, o descontrole é capaz de levar ao infarto e à insuficiência cardíaca. Falando de maneira generalizada, devia ser a doença mais comum em Minas, a terra da carne de porco como comida regional, torresmo e outras delícias.
Aparentemente simples de fazer, o torresmo tinha um chef consagrado em BH, Targino Lima. O torresmo que ele fazia era dos deuses, fininho, torrado. Agora, pelos lados de Ouro Preto, tem um sacolão, ou loja, não sei bem, onde o torresmo é vendido em vidros, dentro da banha original. Basta colocar na panela e esperar a fritura terminar. Fica ótimo.
Sou de uma família que tem o DNA do torresmo, já contei aqui, mas não custa repetir que meu avô, que era tabelião, teve um infarto e foi recolhido ao leito em um quarto logo depois da sala de refeições da família. Quando ouvia o movimento da mesa, chamava um ou outro neto para roubar torresmo na cozinha, que ele amava e não podia comer. Pagava o “serviço” com uma moedinha que ele rolava na unha. Se tinha serrinha, era de valor mais alto – e só pagava o roubo que recebia com moedas sem serrinha.
Historia familiar de lado, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), no Brasil, quatro em cada 10 adultos têm comprovadamente um alto nível de colesterol, o correspondente a cerca de 18,4 milhões de pessoas que correm o risco de ter algum problema agudo. A SBC afirma que, no país, esses problemas associados ao sistema circulatório causam duas vezes mais mortes que todos os tipos de câncer somados. E veneno mesmo, para colesterol, é a gordura, principalmente de porco. Como se não bastasse, dado interessante vem da Organização Pan- Americana da Saúde (OPAS/OMS), que aponta que as doenças cardiovasculares estão entre as que mais matam no mundo.
Predisposições genéticas, obesidade, diabetes, hipertensão e sedentarismo são os principais causadores que favorecem a elevação dos índices do colesterol. Além disso, é interessante lembrar que uma dieta equilibrada também ajuda na prevenção, já que a má alimentação é um dos grandes fatores de risco e o consumo excessivo de gorduras saturadas e gorduras trans, que estão presentes em alimentos ultraprocessados, podem potencializar o risco. Quando se fala em colesterol, as pessoas logo pensam em ovo, bacon e picanha, e se lembram que o alto nível desse tipo de gordura faz mal ao coração.
Mas não pense que é só comer um hambúrguer com batata frita para que o colesterol no sangue aumenta na hora. E mais: você pode evitar alimentos de origem animal e, ainda assim, não se ver livre do "colesterol ruim". Em rigor, o colesterol é um composto químico do grupo dos álcoois. Tem a textura e a aparência de uma cera. Apesar da péssima fama, é essencial ao organismo: está presente na estrutura de todas as células, forma ácidos biliares que atuam na digestão, faz parte da composição dos hormônios e da vitamina D. Por ser solúvel apenas em gordura, é transportado e armazenado com ela. É por isso que as pessoas se referem ao colesterol como mais um tipo de gordura (ou lipídio). Triglicérides e os ácidos graxos são outros exemplos.
E comum classificar o colesterol como o "bom" e o "ruim", mas a verdade é que colesterol é só um. O que varia é seu meio de transporte. A diferença depende das lipoproteínas, que são conglomerados de proteínas, gorduras e outras substâncias. Elas podem ser de alta ou de baixa densidade, dependendo da composição, e têm funções diferentes. O colesterol contido nas chamadas lipoproteínas de baixa densidade é chamado de LDL (do inglês low density lipoprotein). O LDL leva o colesterol para todas as nossas células e, em excesso, pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas que aumentam o risco de infarto e derrame—processo conhecido como aterosclerose. É por isso que o LDL é o vilão da história, o "mau colesterol", e seu nível deve ser mantido baixo.
Quem tira o colesterol das células, para ser eliminado, são as lipoproteínas de alta densidade, ou HDL (do inglês high density lipoprotein). Ele é o mocinho da história, pois ajuda a evitar o entupimento das artérias, por isso é bom que esteja alto. Essas siglas são bem definidas nos exames de sangue. Ainda existem as lipoproteínas de muito baixa densidade, mais conhecidas como triglicérides. Em excesso, também colaboram para o acúmulo de placas nas paredes dos vasos sanguíneos.
A soma de todo colesterol ligado às lipoproteínas tem o nome de colesterol total, outra medida que você encontra no resultado do exame para determinar o perfil lipídico. Quando há nível elevado de colesterol ruim e/ou triglicérides no sangue, e taxa baixa de HDL, dizemos que a pessoa tem dislipidemia. A condição é considerada um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, principal causa de morte no país.