Toda boa relação tem começo, meio e (muitas vezes infelizmente) um fim. Nesse sentido, você já deve ter notado que aquele produto antissinais fantástico que comprou há seis meses agora não é tão bom assim. Chegou a hora do término? Você ficou mais exigente ou sua pele enjoou dele? Embora o mercado de cuidados com a pele ofereça muitas tentações, há também outro problema em jogo: nossos produtos deixam de ser tão eficazes quanto no início.
“Um produto anti-idade tem três estágios de funcionamento: a fase inicial é de adaptação da pele, que pode durar algumas semanas. A segunda etapa é de efeito terapêutico, que pode durar semanas ou meses. A terceira fase é de tolerância, quando o ativo pode parar de trazer benefícios com uso contínuo. Existe um termo farmacológico para isso: é a taquifilaxia”, diz Roberta Padovan, médica pós-graduada em dermatologia e medicina estética.
“Taquifilaxia é quando a pele atinge sua tolerância com um produto e você precisa cada vez mais de um determinado ingrediente ativo para obter os mesmos resultados”, completa a médica.
A introdução de fórmulas tão potentes em nossos regimes de cuidados com a pele geralmente vem com um aviso dos médicos para ir devagar para permitir que a pele se adapte. E não é necessário mudar os produtos de cuidado com a pele a cada mês. Embora a fidelidade ao produto possa diminuir, coisas boas acontecem para aqueles que esperam. Em média, um ciclo cutâneo dura de cinco a seis semanas. Qualquer coisa antes disso significa que as novas células ainda não tiveram a chance de amadurecer, subir à superfície e cair.
Embora seja um tempo razoável para se familiarizar com um novo hidratante ou limpador, a médica recomenda jogar o jogo longo para retinóides, peptídeos e fatores de crescimento: “Alguns estudos apontam que o retinol produz colágeno e melhora rugas após seis meses de uso, sem perda da eficácia. Mas, no geral, esses ingredientes levam cerca de nove meses para que possamos ver os verdadeiros resultados desses ingredientes. Sua pele gosta de consistência, então, mesmo que você sinta vontade de ‘sacudir’ toda sua rotina de cuidados, faça isso gradualmente, trocando um produto por vez.”
Para aumentar a eficácia do tratamento, Roberta Padovan ressalta que o ideal é buscar ajuda médica para potencializar os resultados por meio de tratamentos como radiofrequência microagulhada, lasers, ultrassons e injetáveis. Mas existem algumas tecnologias cosméticas excelentes para sofisticar a rotina skincare e dar um up no tratamento, afastando o efeito platô. São elas: a nanobiotecnologia, os cosméticos biomiméticos, produtos com peptídeos, os probióticos, produtos concentrados e ativos “like effect”. Confira as qualidades de cada um:
• Nanobiotecnologia – Refere-se à utilização de pequenas partículas contendo princípios ativos que são capazes de penetrar nas camadas mais profundas da pele, potencializando os efeitos dos produtos.
• Cosméticos biomiméticos – Estudos têm mostrado que a utilização de fórmulas biomiméticas, como em cremes faciais, por exemplo, minimiza a irritação e aumenta efetivamente a hidratação da pele. Quando as células deixam de exercer sua função adequadamente, os ativos biomiméticos entram em cena para atuar em receptores específicos e simularem ações do organismo.
• Peptídeos – São responsáveis pela comunicação celular — que faz com que o tecido desempenhe suas funções. As proteínas mais conhecidas na pele são colágeno, elastina e queratina, que são responsáveis pela sua textura e tom da pele. Vale lembrar que o colágeno é a principal proteína do nosso corpo; já a elastina é responsável pelas fibras que dão suporte ao colágeno e mantém a pele coesa e aderida evitando a formação de rugas e flacidez.
• Probióticos tópicos – São micro-organismos vivos, administrados em quantidades adequadas dentro de um cosmético e que conferem benefícios à saúde da pele. As chamadas “bactérias do bem” são indicadas para tratamento da acne, rosácea, envelhecimento e dermatite, entre outros problemas dermatológicos. Alguns desses probióticos têm eficácia comprovada na prevenção do fotoenvelhecimento, devido às suas atividades antioxidantes e imunomodulatórias, e eficácia significativa na cicatrização de feridas.
• Ativos “like effect” – Os ativos “like” têm ação muito similar ao parâmetro, sendo muito bem-aceitos pela pele. Eles têm a vantagem de serem menos irritantes.
• Produtos hiperconcentrados – As novas formulações necessitam de pouca ou nenhuma porcentagem de água, sem perder a eficiência. Alguns séruns de tratamentos faciais e corporais altamente concentrados contam com até 99% de ativos na composição, sem adição de água.