Almoço de fim de semana em família me premiou com uma travessa cheia de torresmo. Eu e meu sobrinho médico atacamos a delícia, e outro sobrinho, dentista, contou que, desde que passou a cozinhar com gordura de porco, seu nível de colesterol caiu muito.
O médico, que só cozinha com azeite, completou que banha de porco, como se usava antigamente, é muito melhor para a saúde do que esses óleos que todos usamos. Lembrei-me então da casa de minha avó, onde um tacho imenso era colocado no fogão de lenha para transformar o toucinho em banha. E nos fartar com os torresmos.
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Confira os sete tipos de câncer mais incidentes entre as mulheresPor que os alimentos ultraprocessados podem oferecer riscos à saúde?Pandemia desencadeia crise de enxaquecaCervejaria mineira ganha quatro medalhas internacionaisRede Mater Dei atinge resultados recordes no segundo trimestre de 2021A data de 8 de agosto foi instituída nacionalmente em 2003 para conscientizar a população sobre a importância da prevenção destas patologias e fazer um alerta sobre os riscos do colesterol alto. E como é que isso acontece? Pela nutrição moderna, o colesterol é um perigo. A tendência é evitar seu aumento no dia a dia, porque é um tipo de gordura presente na estrutura das membranas celulares, fundamental para o bom funcionamento do organismo e presente em órgãos como coração, intestinos, cérebro, pele e fígado.
Mas, ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, o colesterol não é um vilão e tem importante relevância para que o nosso corpo funcione corretamente. Para se ter uma ideia, 70% do colesterol produzido pelo nosso corpo são usados para originar alguns hormônios, como vitamina D, cortisol, estrógeno e testosterona, entre outros. A gordura ingerida através de alimentos é responsável pelos outros 30%. Quando consumimos alimentos muito gordurosos, o fígado acumula mais colesterol do que o nosso organismo necessita, causando alteração do nível normal e passando a ser considerado não saudável, o que tromba com a recomendação dos médicos de minha família.
Para reforçar os conselhos nutritivos atuais, dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia indicam que, para cada década de colesterol elevado nos indivíduos acima de 35 anos, os riscos de problemas cardiovasculares podem aumentar em até 40%. No caso das mulheres, ele pode sofrer variações de acordo com a taxa hormonal. Por isso, é comum que, em períodos como a menopausa e a gestação, a taxa de colesterol aumente.
Então, para atender a quem gosta de seguir as recomendações nutricionais atuais, a coluna explica que é necessário conhecer os três tipos existentes de colesterol. Conhecido popularmente como colesterol "bom", o HDL trata-se de uma lipoproteína de alta densidade, cujo valor deve ser superior a 40 mg/dL. Veja em um de seus exames de sangue, quanto maiores forem os níveis de HDL, menores serão os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares.
Em seguida vem o VLDL, que é uma lipoproteína de muita baixa densidade, produzida no fígado, e que tem como principal função transportar os triglicerídeos pela corrente sanguínea. Seus valores considerados normais devem estar em torno de 200 mg/dL. Por fim, o vilão da história, o LDL, popularmente conhecido como colesterol "ruim", trata-se de uma lipoproteína de baixa densidade, cujo valor não deve ultrapassar 130 mg/dL.
Uma forma de manter os níveis de colesterol equilibrados é evitar o consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas. Manteiga, azeite de dendê, leite integral, bacon, toucinho, salsichas, presunto, mortadela, carne bovina com gordura, queijos muito amarelos e creme de leite, por mais que sejam tentadores, representam riscos à saúde.
Outro grande inimigo do colesterol é a gordura trans, que tem como principal fonte a gordura vegetal hidrogenada, utilizada na produção de biscoitos, pães industrializados, salgadinhos, pipoca de micro-ondas, margarinas, bolachas recheadas, nuggets e sorvetes cremosos, entre outros produtos industrializados. Para substituir esses alimentos, é recomendável os alimentos que possuem gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas, presentes em peixes –salmão, sardinha, atum e anchova – ou alimentos como o abacate, o azeite de oliva e a castanha de caju, que, ainda assim, devem ser consumidos com moderação.
Pelo sim, pelo não, a travessa que apareceu no almoço da família cheia de torresmos voltou para a cozinha completamente vazia...