Há 10 anos, pouco se conhecia ou se falava em Alzheimer, que atualmente é assunto comum. Sou parte dessa história porque meu marido passou dois anos inconsciente em uma cama, depois de entrar e sair várias vezes do Mater Dei por falta de conexão com a realidade. No convívio diário, o que acontecia era a repetição de fatos, principalmente de alimentação. Não é fácil detectar essa mudança quando a convivência é muito absorvente e total. E para completar o quadro, não existia qualquer tipo de tratamento específico para a doença.
Atualmente, o Alzheimer é uma preocupação científica mundial, e raro é o dia em que não surgem novidades sobre a doença. A última delas é que cientista canadense e neurocientista luso-brasileiro, Henry Oh e Fabiano de Abreu, mostram como uma proteína é essencial para a saúde mental e doenças neurodegenerativas.
O que nunca se pensava, tempos atrás, é como existe uma relação entre uma proteína presente no organismo (mais especificamente, a proteína tau) e as doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Esses cientistas abordam o assunto e Fabiano de Abreu indica como neutralizar a questão com a alimentação. O assunto foi tema de artigo publicado na revista científica Cognitions Scientific Journal, membro da GPJ nos Estados Unidos.
Na publicação, os cientistas explicaram que a proteína tau faz parte da família das proteínas associadas aos microtúbulos (microtubule-associated proteins – MAP). Sua principal função é estabilizar os microtúbulos pela agregação da tubulina – subunidade que compõe os microtúbulos. Nesse sentido, o cientista Fabiano de Abreu explica que “essa proteína atua no controle da dinâmica dos microtúbulos durante a maturação e o crescimento dos neuritos, sendo considerada a maior proteína do citoesqueleto e sua hiperfosforilação tem consequência nas funções biológicas e morfológicas nos neurônios”.
Biologicamente falando, os cientistas investigaram como essa proteína tem relação com as doenças neurodegenerativas. Mas, primeiramente, eles explicam que as doenças neurodegenerativas estão associadas aos neurofilamentos e/ou agregados de proteína tau e o processo de hiperfosforilação da proteína, o que enriquece a formação desses agregados, consequentemente bloqueando o tráfego intracelular de proteínas neurotróficas e demais proteínas funcionais. Fabiano destaca que “isso leva a uma consequente perda ou diminuição do declínio no transporte axonal e dendrítico nos neurônios”.
Por outro lado, as proteínas tau são abundantes nos neurônios do sistema nervoso central e responsáveis pela estabilidade dos microtúbulos, que Fabiano Abreu salienta que são aquelas estruturas proteicas que fazem parte do citoesqueleto e são formados pela polimerização das proteínas tubulina e almetralopina. “Quando possuem defeito, não estabilizam bem os microtúbulos, levando ao aparecimento de estados de demência”, destaca o neurocientista.
Um grande problema se observa com a presença de beta-amiloide. Esse elemento “leva os neurônios a hiperfosforilarem, que é a proteína de ligação do microtúbulo, e esse nível aumentado redistribui a tau no interior do axônio para os dendritos e corpo celular, gerando aglomerados – este processo vai resultar em disfunção ou morte neuronal, levando a doenças neurodegenerativas”. Ou seja, quando as beta-amiloide se agrupam, o resultado não será nada agradável para a saúde da pessoa, detalha Abreu: “Elas formarão placas que vão bloquear a sinalização entre os neurônios nas sinapses e podem ativar células do sistema imunológico, causando inflamações e devorando células deficientes”.
Do ponto de vista prático, essa enzima GSK-3-Beta também pode trazer sérios problemas para a saúde motora e mental da pessoa. “Ela tem um papel importante na degeneração de neurônios.” Para evitar esses danos, a sugestão de Fabiano é simples: “Basta ingerir uma dieta rica no mineral lítio, que pode ser encontrado em grãos, carne bovina, ovos e verduras, que assim será possível ter um efeito neuroprotetor que vai inibir essa enzima. Além do mais, não vai trazer alterações na proteína tau”, completa.