Noite dessas, para fugir aos programas de TV nacionais que só falam em pandemia, fui procurar noticiário diferente em jornais estrangeiros. Não me lembro mais se foi jornal francês ou italiano que informou que as mortes por COVID-19 no mundo todo são o dobro do que se informa normalmente. Mas falaram também que as pessoas vacinadas têm 0,3% de chance de pegar a doença. Não existe, mesmo, qualquer maneira de fugir desse pesadelo.
Mesmo assim, tenho recebido notícias e mais informações sobre amigos e conhecidos que estão sofrendo ou morrendo de câncer, doença que vem matando muita gente, ao longo dos anos. É o caso do câncer de fígado, que é um tumor maligno geralmente bastante agressivo. Em 2019, segundo o “Atlas da mortalidade por câncer” do Inca (Instituto Nacional do Câncer), a doença causou 10.901 mortes, sendo 6.317 em homens e 4.584 em mulheres. Além disso, os sintomas costumam surgir apenas em estágio muito avançado e terminal, que incluem dor no abdômen, enjoo, perda de apetite, emagrecimento e olhos amarelados.
Muitos acreditam que o álcool é a principal causa do câncer de fígado por estar associado à cirrose. Porém, as hepatites virais B e C são os principais motivos do desenvolvimento da doença no corpo humano, logo em seguida estão o alcoolismo e a gordura no fígado, muito presente em pessoas obesas.
As hepatites virais são inflamações no fígado causadas por vírus e constituem um grave problema de saúde pública no mundo, elas costumam ser silenciosas e acabam sendo descobertas quando a doença já está muito evoluída. As hepatites B e C são transmitidas pelo esperma e secreção vaginal (via sexual), além do contato com objetos perfurocortantes contaminados com sangue.
Os indivíduos com o tipo C que nasceram antes de 1993 e receberam transfusão de sangue ou hemoderivados são grupos de risco da doença, pois antes desse período não existia testagem da enfermidade no SUS.
Atualmente, com o teste já presente na saúde pública, o ato de doação de sangue ficou muito seguro. O teste é feito por exame de sangue, além de ser importante lembrar que já existe vacina para o tipo B da hepatite.
"A detecção precoce do câncer de fígado é uma estratégia muito importante para encontrar o tumor em fase inicial, assim, possibilita a maior chance de tratamento e cura. Os exames de imagem são necessários para a investigação, como a ultrassonografia, que deve ser feita de seis em seis meses em pessoas com cirrose. Já para seu tratamento, a cirurgia, o transplante de fígado e os tratamentos locorregionais são as opções mais indicadas. Além disso, existe a terapia-alvo, modalidade de tratamento do câncer em fase avançada que busca atingir a célula maligna a partir do mecanismo celular que lhe deu origem", afirma Paulo Bittencourt, especialista que integra o Instituto Brasileiro do Fígado.
Para prevenir o câncer de fígado, a população deve ficar muito atenta à vacinação para hepatite B e à testagem para as hepatites B e C, disponibilizadas pelo SUS nas unidades básicas de saúde, e ao consumo leve a moderado de bebidas alcoólicas.
Também se recomendam a adoção de hábitos de vida saudáveis visando a manutenção do peso corporal, atividade física e abstinência do cigarro.
É preciso evitar o tabagismo passivo, que ocorre quando pessoas não fumantes inalam a fumaça de produtos derivados do tabaco em ambientes fechados.
Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o Cabometyx (levomalato de cabozantinibe) como medicamento de uso oral para o tratamento de adultos com câncer de fígado nos quais falhou o tratamento prévio com sorafenibe.
O medicamento já havia sido aprovado no país para o tratamento do câncer de rim avançado ou metastático. O Cabometyx já é comercializado nos Estados Unidos e na Europa.
"A partir de agora, os pacientes com câncer de fígado passam a ter uma opção importante para tratar a neoplasia. Embora não existam estatísticas atualizadas no Brasil, esse câncer tem alta letalidade no país. Esse câncer não apresenta sintomas no início, o que dificulta o diagnóstico", destaca Luciana Povegliano, líder de oncologia médica da Ipsen Brasil, empresa responsável pelo medicamento.