É claro que manter uma cidade limpa é desejo de todos os moradores. Só que entre querer e fazer, a distância é muito grande. Tenho especial atenção com os lixeiros da minha rua, que presenteio todos os Natais, na medida do possível. Merecem, e recebo dele uma atenção especial. Como moro em espaço de muitas árvores, nesta época, por exemplo, não há saco de lixo que chegue para carregar tanta folha que o vento solta. Então, há dias que há uma grande quantidade de sacos para colocar do lado de fora de casa. E eles carregam tudo, não deixam nada para trás.
E é por isso que estou querendo compreender um boletim da SLU, avisando que a coleta de lixo tem dia e hora. Na minha casa, a hora é mais ou menos a mesma de sempre, 19h, que é quando o caminhão passa. Só que colocar os sacos do lado de fora nessa hora, é mais complicado para as domésticas, que estão procurando é o descanso do fim do dia e do lanche da tarde. Mas junto com o boletim, avisam também que quem colocar o lixo antes do horário recomendado leva multa.
Não entendi também as orientações, que são bem complicadas: a primeira delas recomenda que é preciso embalar em sacolinhas as máscaras, toalhas e lenços de papel, luvas descartáveis e, espanto total, papel higiênico, que não pode ser descartado no vaso sanitário. Como é que é mesmo? Você usa e coloca em um saquinho separado? Outra coisa é a recomendação para uso de sacos impermeáveis e resistentes à ruptura. O que é mais do que normal. Ou pelo menos se acredita que seja.
Outra coisa é a recomendação para só usar os limites de peso e espaço do saco (só dois terços) – quem fez o folheto não sabe o preço que estão os sacos. Outra recomendação é o ensacamento duplo: feche o saco com lacre ou nó e coloque em um segundo saco com as mesmas características. Já pensaram se alguma dona de casa que conta o dinheirinho difícil vai fazer isso? Acredito que toda essa canseira seja para impedir a disseminação da COVID nos lixões que a prefeitura mantém.
A segunda regra do folheto ainda é mais estranha: “pequenos volumes não podem ir para o lixo comum, devem ser encaminhados para as URPVs mantidas pela prefeitura em diversos locais da cidade”. Na prática, entendo que uma família maior deve juntar todo o papel higiênico usado, durante uns dois ou três dias, fechar bem o saco e levar para jogar fora nesses lugares mantidos pela prefeitura que a maioria dos moradores da cidade não tem qualquer conhecimento onde é que ficam.
Mas os lixos que podem ser levados sem problema estão longe de uma moradia normal: são pneus (limitado),madeira, terra, metais, gesso, podas, concreto, telhas e tijolos. Itens que, pelo pouco que se entende, só podem surgir em uma reforma doméstica, não tem nada que ver com o funcionamento normal de uma residência familiar.
A lista do lixo que não pode ser recolhido ainda é mais espantoso. Não pode ser levado o lixo doméstico (que acredito ser o que sobra em toda lata de lixo das casas, com sobras de comida, papéis e toda essa trenhera que todo movimento normal de uma casa acumula). E mais: animais mortos, resto de comida (imaginem só...), eletrônicos e outros produtos tóxicos. Ou seja, qualquer dona de casa, por mais inexperiente que seja, tem todo direito de botar dúvida nesse boletim de coleta de lixo. Fico só imaginando quem foi que bolou tanto disparate e que o boletim não seja só mais uma desculpa da prefeitura para afirmar que faz tudo para segurar o vírus da COVID e que a população é que não obedece.