As doenças silenciosas são as mais preocupantes, principalmente para um tipo de pessoa que não repara muito o funcionamento do corpo, que tem sempre pequenos indicadores de que alguma coisa não vai bem. Membro da chamada terceira idade, presto muito atenção para onde estou indo, de outra forma não teria superado a lista imensa de moléstias sérias que já tive – e até onde dá para me “gabar”, saí vencedora. Com pequenos percalços, como é o caso da diabetes 2, que não tem jeito mesmo. Só cuidado permanente, sem preguiça.
Nos próximos dias, por exemplo, vou a um cardiologista novo, porque a minha, habitual, sumiu no meio desse pandemônio, não consigo encontrá-la de modo nenhum. Segui então o caminho normal, pedi substituto na direção da Rede Mater Dei, que me indicou o nome de Henrique Patrus. Se ele for igual à minha cardiologista que sumiu, estou feita.
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Estudo comprova eficácia de cirurgia para combater enxaquecaModelo brasileira brilha nos desfiles de Nova YorkCuidados integrados de saúde podem minimizar casos de suicídios no país20ª Noite de Prêmios da Jornada Solidária Estado de MinasEntre esses problemas que nos atacam, o aneurisma cerebral é uma das doenças silenciosas que requerem atenção e cuidados médicos imediatos. Quer dizer, é preciso prestar muita atenção, porque identificá-los nem sempre é simples – em sua maioria, os pacientes não apresentam sintomas. Entretanto, o diagnóstico precoce pode salvar uma vida, como explica Marcelo Valadares, neurocirurgião, médico do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, e pesquisador de neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Chama-se aneurisma a dilatação formada na parede enfraquecida de uma artéria do cérebro. Se rompido, pode levar à hemorragia cerebral. No entanto, nem sempre é preciso realizar uma cirurgia como tratamento e, por isso, o acompanhamento médico é essencial em qualquer caso descoberto. O especialista paulista ressalta que a proporção de aneurismas cerebrais em mulheres é de 1.6 para cada homem, em geral. "Após a menopausa, essa proporção aumenta para quase 2 mulheres para cada homem", afirma. Mas por que isso acontece?
Existem muitas teorias que vão desde a ação do estrógeno, que levaria a uma proteção em relação ao risco de ruptura de aneurismas durante os anos férteis da mulher. "Porém, há um risco maior após a menopausa por conta da fragilidade dos vasos, passando por uma característica anatômica de que as mulheres têm um diâmetro menor de suas artérias, até alterações hemodinâmicas, ou seja, a circulação do sangue no corpo é diferente entre homens e mulheres", explica o neurocirurgião.
Segundo Marcelo Valadares, geralmente os aneurismas são assintomáticos, apresentando sinais somente quando se rompem e levam à hemorragia intracraniana. "Aneurismas grandes ou muito próximos a estruturas nervosas, como os próximos aos nervos oculomotores – que movimentam os olhos –, podem causar efeitos compressivos, levando ao mal funcionamento de estruturas cerebrais. Um dos sintomas dos aneurismas próximos aos nervos oculomotores é a visão dupla, causada pela dificuldade de movimentação de um dos olhos", elucida.
Para o especialista, o diagnóstico precoce é essencial. "A mortalidade, quando há ruptura de um aneurisma, pode chegar a 50% instantaneamente; 50% dos que sobrevivem e chegam ao hospital podem morrer nos primeiros dias. É uma situação dramática e gravíssima, que justifica ações rápidas e precoces para diagnóstico e tratamento", alerta o neurocirurgião.
Se os aneurismas não causam sintomas, quando é hora de buscar ajuda, então? A hereditariedade, segundo o neurocirurgião da Unicamp, é um fator de risco a ser considerado. Quando alguém tem dois ou mais parentes de primeiro grau com história de hemorragia cerebral causada por aneurismas, por exemplo, é preciso investigar. "Nesse caso, o risco é de 8%. Também se considera a investigação quando um parente de primeiro grau e pelo menos um parente de segundo grau (como meio-irmão, meia-irmã, tio, tia, avós e netos) ou, ainda, pessoas com irmão gêmeo já tiveram histórico", expõe. "Uma outra situação, conhecida como doença renal policística, também está associada a aneurismas cerebrais e justifica a triagem", complementa o médico.
Valadares esclarece que uma das melhores formas de diagnóstico do aneurisma cerebral é a angiografia digital. É muito semelhante a um cateterismo cardíaco, entretanto, é considerada um exame invasivo. "Com o desenvolvimento da tecnologia de imagem médica, hoje temos a angiotomografia, com uma qualidade de imagem tão boa e que, por ser um exame menos invasivo e mais disponível, tem sido usado como primeira escolha em casos de investigação", diz.