Jornal Estado de Minas

COLUNA DA ANNA MARINA

Sorvete é boa pedida pra qualquer hora, até no frio da Rússia

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Juro que se eu fosse tão rica quanto Aloisio de Faria era, faria igualzinho a ele: criava uma fábrica de sorvete, produzindo sempre do bom e do melhor. Ele conseguiu o que queria, mas para nós que não somos iguais a ele, seu produto tem um problema – foi feito por um rico e só pode ser encarado pelos ricos. Adoro sorvete, e quando o calorão chega, ele é insubstituível. Não que não seja delicioso também no frio. Quando estive na Rússia, fartei-me com o sorvete de lá, que é delicioso, para mim muito melhor do que o caviar que todos adoram e que não gosto nem um pouco.




 
Como fui numa viagem de grupo, o país ainda era fechado, trocava o meu caviar pelos sorvetes, sempre servidos no fim das refeições, que os outros rejeitavam, não acreditavam como é que alguém podia querer aquela sobremesa num frio daqueles. Além disso, russo também ama sorvete e, por isso mesmo os picolés são vendidos nas esquinas. Achei a maior graça porque, por causa do frio, eram colocados em tabuleiros abertos, os carrinhos refrigerados não eram necessários.
 
Outro país que tem também sorvetes deliciosos é a Itália. São tão bons e conhecidos que as marcas mais famosas não estão ficando só lá, muitas delas têm chegado até aqui e se anunciam como totalmente italianos. São mesmo muito bons, conseguem ser melhores do que algumas marcas tradicionais vendidas no país. Já contei aqui, mas não custa nada repetir, que aprendi a gostar de sorvete em Santa Luzia.
 
Aliás, não era sorvete, mas picolé. Quando a novidade apareceu na cidade, foi um arraso. E eles eram, nada mais nada menos, do que água colorida com suco e congelada em forma de picolé, com pauzinho e tudo. Você ia chupando o “picolé”, a cor ia saindo e o que restava era um pedaço de gelo sem nenhum sabor. Mas como novidade é sempre novidade, quantos picolés o dono do botequim produzia, era quantos vendiam.




 
Quando a Kibon chegou por aqui, também foi outro grande sucesso. O picolé Chicabon, vendido na Praia de Copacabana, no Rio, era uma amostra de bom gosto e poder, o picolé era bem caro para o consumo da época. A graça da história é que, quando as turmas de frequentadores da praia eram constantes, e consumiam muitos sorvetes, o sorveteiro fiava a venda, cobrando o consumo no fim de semana ou até na casa dos clientes. Sem o maior problema e confusão, os anos 1950 nos proporcionavam tempos melhores.
 
O mais tradicional sorvete desta cidade é sem dúvida o do São Domingos, que está há não sei quantos anos no mesmo endereço, ali na Getúlio Vargas, na Savassi. Quando a cidade era mais real e franca, o ponto de sorvete era também o ponto onde podiam ser encontrados alguns dos nomes mais conhecidos da sociedade mineira. Em lugar de tomar cerveja no bar da esquina, era para lá que os namorados iam, com o beneplácito de todos. O ponto continua muito frequentado, o sorvete manteve a fama e o passeio ganhou até uns poucos bancos para quem não gosta de tomar sorvete em pé ou dentro do carro, pingando na roupa.
 
Estou aproveitando o calorão para introduzir em minha casa, depois dos encontros familiares, rodadas de picolés de vários sabores. Copiei de minha irmã, que lançou a novidade em um aniversário de neto e os adultos presentes consumiram tantos picolés quanto as crianças. Para atender aos gostos variados e não estourar com o orçamento, tenho comprado meus picolés na fábrica Almeida, onde são muito mais em conta do que os vendidos em lojas e tão bons quanto. No mesmo local é possível também comprar aqueles potes de um quilo e meio de sorvete, com sabores variados, que acompanham qualquer sobremesa e servem também para ser transformados em sobremesas quando combinados com frutas frescas picadas. As de morango, ninguém resiste.




 
E para quem tem tempo e paciência, aquela maquininha elétrica de fazer sorvete é um achado. Basta ter frutas picadas e geladas, acrescentar uma ou duas bananas também fatiadas – são indispensáveis para formar a massa – e pronto, o sorvete mais pessoal do mundo está pronto e absolutamente sem uma gota de açúcar, o que é melhor ainda. Informação de nutricionista: "A maioria dos sorvetes é feito à base de lacticínios, como leite ou nata, com a adição de ingredientes que dão sabor. Podem contar com açúcar ou adoçantes, e é nisso que devemos estar atentos. Para se deliciar de maneira saudável, é preciso escolher as melhores opções, como sorvetes naturais ou 'sorbets', feitos com polpa de fruta e que são adoçados naturalmente, com a menor quantidade de aditivos possível" aponta o especialista, que recomenda picolés zero açúcar como uma excelente sobremesa menos calórica.

audima