O Museu de Sant'Ana de Tiradentes está recebendo hoje uma mostra de oratórios do período colonial que revelam a sinergia entre o barroco e o devocionário dos negros.
Instalado na antiga Cadeia Pública da cidade de Tiradentes, o museu abriga 291 imagens de Sant’Ana, a santa protetora dos lares e da família, bem como dos mineradores. São obras brasileiras, de várias regiões do país, eruditas e populares, dos mais variados estilos e técnicas, produzidas em sua maioria por artistas anônimos entre os séculos 17 e 19, em materiais diversos.
Reunidas por Angela Gutierrez ao longo de quatro décadas de buscas e pesquisas, as peças constituem um acervo sem similar no país, agora compartilhado com todos. Doada ao patrimônio público e sob a gestão do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, a coleção impressiona pela beleza, originalidade e relevância.
Para garantir a segurança dos visitantes, o Museu de Sant’Ana adotou protocolo de acesso que prevê, entre outras ações: o visitante deve aguardar atendimento dentro das faixas de distanciamento estabelecidas na entrada do museu, mantendo o distanciamento mínimo de 1,5m entre as pessoas; higienização dos pés em tapete sanitizante; uso obrigatório e correto da máscara facial durante todo o período de permanência nos espaços do museu; higienização das mãos através de dispenser de álcool em gel; evitar o uso de mochilas e bolsas.
A visitação também segue algumas regras: permanência de no máximo 20 pessoas no interior do museu; respeito ao distanciamento mínimo de 1,50m entre os visitantes; não são permitidos grupos no formato de excursões ou outros grupos com grande número de pessoas.
A MOSTRA
A forte espiritualidade africana atravessou o Atlântico com os negros traficados, e escalou as montanhas de Minas Gerais. O legado foi a construção de um sincretismo religioso que, desde o período colonial, se faz presente em objetos de fé que fundem evocações e crenças e buscam incorporar a alma africana. Na exposição “Objetos de fé afro-brasileiros”, que o Museu de Sant’Ana inaugura hoje (9/10), oratórios em diversos formatos e materiais traduzem essa sinergia construída pelo encontro de culturas dos povos formadores do Brasil. A mostra fica em cartaz no foyer do Museu de Sant’Ana, em Tiradentes, com entrada gratuita, até 10 de janeiro de 2022.
Com curadoria de Angela Gutierrez, presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, que faz a gestão do Museu Sant’Ana, a exposição traz peças que estiveram onipresentes no espaço colonial, nas casas, na algibeira, na mina e na senzala, fundindo fé e cultura.
“Os oratórios de fatura afro-brasileira em exposição nessa mostra estão em seu estado original, tal como foram encontrados nas mais variadas situações. São instalações de diversos materiais que integram a fé e a arte, numa miscigenação do barroco com a alma africana”, afirma a colecionadora Angela Gutierrez. Ela completa que esses objetos religiosos, construídos no início da formação da sociedade brasileira, podem proporcionar uma reflexão sobre como as adversidades da história uniram povos e que a africanidade é parte indissociável da cultura brasileira.
Produzidos nos mais diversos materiais e técnicas, os oratórios são originários de Minas Gerais e do Nordeste do Brasil, alguns com apenas 5 centímetros e outros que chegam a quase 2,5 metros de altura.