Dias atrás, vi na TV um ótimo documentário sobre a região do Rio Douro, em Portugal, que me lembrou muito uma viagem que fiz, a convite da Tap, para conhecer os vinhedos onde são produzidos os vinhos servidos em seus voos. Foi uma viagem e tanto, que passou não só pelos vinhedos como também pelos restaurantes do roteiro, como a Bairrada, com seu maravilhoso leitão que quem já provou uma vez na vida não esquece nunca mais. O programa apoiou-se no vinhedo da Casa Ferreirinha, onde é produzido o melhor vinho português, o Barca-Velha, e também o Pêra Manca. A jornalista convidada a percorrer os vinhedos da região provou com muita aprovação o Mateus Rosé.
Quando fui pela primeira vez a Portugal, fiquei sabendo que lá esse vinho que era servido por aqui em todos os lugares não era muito respeitado em seu país de origem. Pela reportagem da TV, sua importância era bem legal – mas ele não é muito mais visto por aqui. E só no fim do programa é que a jornalista pode provar um Barca-Velha, servido com toda a circunstância que o vinho pede. Os elogios foram tão grandes e tão invejáveis que me deu a maior vontade de me fartar com um bom copo desse vinho delicioso. Do qual – rica sou! – possuo uma caixa fechada.
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ACNModa abre hoje a 12ª edição do Gerais FashionSaiba como diferenciar os tipos e qualidades de açúcarEspecialista em saúde mental dá dicas para a volta ao trabalho presencialO preço dos alimentos está pela hora da morte. Aprenda a aproveitarDia de Finados também pode ser motivo de alegriasPeças em tricô e crochê estão em alta'Dompamine dressing': saiba o que significa a nova tendência da moda Arte de receber: da organização até etiqueta para todas as ocasiõesFiquei com tanta vontade de tomar um Barca-Velha que segui a lei do bom senso: fui consultar o preço de uma garrafa e desisti da vontade na mesma hora – a garrafa da safra mais recente girava em torno de R$ 3.900. Não tive coragem e, ao comentar esse desgosto, recebi uma reprimenda de minha irmã: “Se o vinho é seu, se tem uma caixa, e a vida é tão curta, por que não beber o que quer?”. Coragem continua faltando, porque o preço atual de uma garrafa, em Portugal, gira em torno de 980 euros. Grana demais!
Para contar a quem não sabe muita coisa sobre os vinhos portugueses, apoiando-se apenas nos franceses, basta dizer que para quem entende do riscado, a marca portuguesa é tão importante quanto os franceses Château Latife e o Romanée-Conti, preferências dos apreciadores da bebida.
A comparação pode soar exagerada se levarmos em conta os exorbitantes preços pelos quais os dois últimos costumam ser vendidos – o lusitano é um pouco mais abordável se considerarmos que podemos encontrar garrafas de safras especiais que chegam a R$ 7.499, dependendo da safra, a Casa Ferrerinha engarrafou poucas safras até agora.
O número escasso de edições se deve ao fato de que o Barca-Velha só é produzido quando a safra é tida como excepcional. Quando fica a desejar, de acordo com os rígidos padrões da vinícola, no lugar do Barca-Velha é elaborado o Reserva Especial Ferreirinha.
A paternidade do Barca-Velha é atribuída ao enólogo Fernando Nicolau de Almeida, que começou a dar expediente na propriedade em 1929. Mas foi na década de 1940 que ele decidiu apostar em algo para o qual a região, tradicionalmente associada aos vinhos do Porto, nunca dera bola: um grande rótulo de mesa.
Reza a lenda que, no início, as barricas de madeira nas quais o Barca-Velha repousava nos porões da vinícola eram resfriadas com gelo – a eletricidade não havia chegado à região, quase na fronteira com a Espanha.
E mais: o gelo seria transportado envolto em palha, no lombo de burros, pois as estradas, se é que podiam ser chamadas de estradas, eram extremamente precárias – a versão oficial fala em caminhões no lugar dos animais.
É bom falar de vinhos agora, quando a cidade promove uma feira coletiva nos principais pontos de venda e supermercados. Vale pesquisar, procurar, porque um bom vinho, tinto ou branco, torna vida mais suave, mais feliz.