Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Família deve estar atenta às síndromes geriáticas que mudam a vida do idoso

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processo natural de envelhecimento do organismo muda as coisas em nosso corpo. É claro que cada pessoa envelhece de forma diferente, mas todos notaremos algum tipo de alteração. Alguns idosos também podem apresentar síndromes geriátricas.





“Com o envelhecimento, perdemos muito da nossa reserva funcional, observamos mudanças na locomoção, no cérebro, no metabolismo e na imunidade. Entendemos por síndromes geriátricas as doenças e condições de saúde que têm alta prevalência nos consultórios e, de alguma forma, afetam a autonomia e a independência, interferindo na capacidade do idoso de realizar tarefas cotidianas. Em muitos casos, ele precisará de ajuda familiar ou de um cuidador”, afirma o geriatra Juliano Burckhardt.

Cardiologista e nutrólogo, ele faz parte da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Para ajudar os pacientes, o médico detalha aqui essas síndromes e seus sintomas.

• Incapacidade comunicativa. Com o passar da idade, é comum sofrer com condições que afetem a comunicação, pois pode ocorrer perda de audição, dificuldade na fala e na compreensão. “Isso se torna perigoso caso leve o idoso a se isolar por não conseguir interagir, aumentando riscos emocionais e afetando a saúde mental”, explica o médico. Deve-se buscar tratamento (um aparelho auditivo pode ajudar) e meios de interação social, o que mantém o cérebro ativo.





• Insuficiência familiar. Uma das principais reclamações dos idosos é a falta de atenção da família, o que pode ter várias consequências: do descuido com a saúde até quadros de ansiedade, estresse e depressão.

“A falta de apoio, acolhimento e atenção familiar pode ser causa e consequência de diversos problemas, deixando os mais idosos suscetíveis a condições de saúde que poderiam ser evitadas. A perda do companheiro, somada à síndrome do ninho vazio, traz melancolia, por isso o papel familiar é fundamental, inclusive para ajudar a manter a capacidade comunicativa do idoso”, explica Juliano Burckhardt.

• Incapacidade cognitiva. A perda de funções cerebrais – memória, função executiva, linguagem, capacidade de raciocínio, gnosia (reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e praxia (capacidade de executar um ato motor) – merece atenção.





“O cérebro e o sistema nervoso são afetados pelo envelhecimento, pois há diminuição do número de células cerebrais, da comunicação entre os neurônios e da capacidade do organismo de criar novas conexões neuronais. O raciocínio fica mais lento, processar informações se torna mais difícil e lapsos de memória mais frequentes. Devido a alterações no sistema nervoso, podemos notar mudanças no equilíbrio, percepção, postura e sensibilidade”, explica o geriatra.

Aprender uma língua, conhecer novos lugares, ler livros e manter bons relacionamentos sociais pode ajudar a evitar demência, doenças mentais, delirium (confusão mental) e depressão.

• Instabilidade postural. Com a idade, há diminuição do tamanho e densidade dos ossos, que se tornam mais fracos, porosos e suscetíveis a fraturas. “É por esse motivo que algumas pessoas perdem alguns centímetros de altura ao envelhecerem”, diz Juliano Burckhardt. Com isso, aumenta a chance de quedas, a sexta causa de morte em idosos.

Também devem ser avaliadas a acuidade visual, a capacidade respiratória e cardiovascular e as comorbidades (miopia, astigmatismo, labirintite, vertigens). É importante colocar barras de segurança nas paredes dos banheiros e tapetes emborrachados para evitar escorregões.





• Imobilidade. “Os músculos perdem força, resistência, massa e flexibilidade, o que contribui para a redução da mobilidade, do equilíbrio, da força e da estabilidade”, diz o geriatra. A incapacidade de deslocamento pode exigir que o idoso dependa de um familiar ou de um cuidador.

• Incontinência urinária. “O processo de envelhecimento causa a redução da elasticidade e, consequentemente, da reserva funcional dos rins. Músculos da bexiga e do assoalho pélvico perdem força, o que pode dificultar a eliminação total da urina e o controle da bexiga, resultando em incontinência urinária”, explica o especialista.

De acordo com o geriatra, é fundamental levar o idoso ao médico. “O diagnóstico das síndromes geriátricas é feito com testes e exames, mas também pode ser clínico”, ressalta Juliano Burckhardt.

audima