O acelerado processo de envelhecimento da população brasileira pode representar um desafio para o campo da saúde mental: os idosos representam a faixa etária com maior incidência de depressão no país, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se também da parcela da população que mais consome medicações de uso contínuo, especialmente para tratar doenças crônicas, mais comuns com o avançar da idade. Por isso, a escolha do antidepressivo mais adequado deve levar em conta também seu perfil de interação medicamentosa, ou seja, o quanto ele é compatível com o uso simultâneo de outros fármacos.
Em geral, na comparação com indivíduos saudáveis, os pacientes com quadros depressivos apresentam maior probabilidade de interações medicamentosas, uma vez que os antidepressivos costumam ser prescritos por um longo período de tempo, muitas vezes por anos. A literatura médica descreve interações medicamentosas de significativa importância entre algumas classes de antidepressivos e outros medicamentos comumente utilizados em idosos, como analgésicos, anestésicos, anticoagulantes, anticonvulsivantes e anti-hipertensivos.
Considerando que a depressão também é mais comum na população feminina, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a possibilidade de interferência do medicamento na ação dos anticoncepcionais é outra questão que merece atenção. Assim, além da eficácia, o perfil de interação medicamentosa e os efeitos colaterais dos antidepressivos representam critérios importantes na escolha do tratamento com maior chance de sucesso.
A evolução no entendimento da depressão e o conhecimento cada vez mais aprofundado dos fatores relacionados à doença têm possibilitado o desenvolvimento de tratamentos mais modernos, eficazes e seguros, como os antidepressivos de terceira geração. Com ação dual, esses medicamentos conseguem equilibrar no cérebro a disponibilidade de dois neurotransmissores diretamente relacionados aos quadros depressivos: a noradrenalina e a serotonina.
A Pfizer acaba de lançar uma medicação classificada como antidepressivo de primeira linha de tratamento para a depressão maior, considerando dados de eficácia e baixo índice de efeitos colaterais, conforme as diretrizes publicadas pela Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (Canmat), em 2009.
Com características peculiares de metabolização e de eliminação pelo corpo, o produto também se diferencia pela baixa probabilidade de interação medicamentosa, inclusive com anticoncepcionais. Isso ocorre, em parte, porque a substância básica do medicamento já é ingerida em sua forma ativa, tornando mais simples a sua metabolização. Além disso, o medicamento é eliminado praticamente in natura pelo rim, de modo que não são esperadas interferências relevantes na ação de outros medicamentos eventualmente utilizados pelo paciente.
Aliados à psicoterapia, os antidepressivos compõem uma estratégia importante para recuperar a funcionalidade do paciente, melhorando sua qualidade de vida e restaurando sua capacidade plena de atuação, traduzida pelo retorno ao trabalho e aos hobbies, bem como pelo resgate dos relacionamentos pessoais.