Jornal Estado de Minas

SAÚDE

Dieta com fibras ajuda a enfrentar o melanoma

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


Uma dieta rica em fibras pode ajudar o organismo de diversas formas, atuando na prevenção de doenças e, segundo estudo recente, melhorando a resposta ao tratamento do câncer de pele do tipo melanoma. “Esse é o tipo de câncer de pele mais mortal. Ele pode se espalhar para outras partes do corpo precocemente, quando as lesões ainda são muito pequenas”, explica a médica Patrícia Mafra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.





O estudo mostrou que pacientes com melanoma submetidos à imunoterapia, que torna mais fácil para o sistema imunológico matar células cancerosas, respondem melhor ao tratamento quando as dietas são ricas em fibras. O trabalho, resultado de uma grande colaboração internacional, foi publicado no final de dezembro na revista Science.

“As fibras dietéticas e os probióticos têm relação direta com a saúde da microbiota intestinal, que, por sua vez, tem influência na resposta terapêutica da imunoterapia. Isso porque muitas das células imunes, com atividade contínua, intensa e silenciosa, estão associadas ao intestino”, acrescenta a nutróloga Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estimativa de novos casos de melanoma no Brasil, em 2020, previu 8.450 registros – 4.200 homens e 4.250 mulheres. “O melanoma mata, muitas vezes, por conta de metástases, se espalhando para fígado, pulmões e cérebro”, diz Patrícia Mafra.





Estudo da Universidade do Texas e do National Institutes of Health definiu como os padrões alimentares podem estar relacionados à melhora da resposta do tratamento desse tipo de câncer de pele. O trabalho se concentra na técnica terapêutica chamada bloqueio de ponto de verificação imunológico (ICB), que revolucionou o tratamento do melanoma e do câncer em geral.

“A terapia com ICB depende de drogas inibidoras que bloqueiam proteínas chamadas checkpoints, produzidas por certas células do sistema imunológico – células T, por exemplo – e também por algumas células cancerosas”, explica Patrícia.

Os pontos de verificação ajudam a evitar que as respostas imunológicas sejam muito fortes, mas às vezes isso significa impedir que células T matem as células cancerosas. Quando os pontos de controle são bloqueados, as células T podem fazer trabalho mais eficiente de matar as células cancerosas. E aí entra a fibra: a resposta terapêutica é melhor em pacientes que ingerem mais fibras.





Segundo Marcella Garcez, o microbioma é moldado por ampla gama de fatores ambientais, incluindo alimentos e medicamentos, enquanto a genética humana é responsável por proporção muito menor da variação do microbioma de pessoa para pessoa.

“A microbiota intestinal humana é uma comunidade complexa de mais de 30 trilhões de células microbianas de cerca de 1 mil espécies bacterianas diferentes. Estudos ainda precisam confirmar se a ingestão de fibra alimentar e o uso de probióticos disponíveis no mercado afetam a resposta da imunoterapia em pacientes com câncer”, diz a nutróloga.

Pesquisadores analisaram centenas de pacientes com melanoma, seus microbiomas intestinais, hábitos alimentares, uso de fibras prebióticas, probióticos, características da doença e resultados do tratamento. Estudo paralelo envolvendo ratos com implantes de tumores fez parte da pesquisa.





“Na porção humana, a maior ingestão de fibra alimentar foi associada à não progressão da doença entre os pacientes em imunoterapia. Os benefícios mais pronunciados foram encontrados em pacientes com grande ingestão de fibra alimentar e sem uso de probióticos”, diz Marcella.

A fibra está disponível em duas formas: insolúvel (ajuda a pessoa a se sentir satisfeita e estimula o bom funcionamento do intestino) e solúvel (além das funções de fibra alimentar, ajuda a reduzir colesterol, açúcar no sangue e é substrato para o crescimento de bactérias benéficas da microbiota, com impactos positivos no sistema imune).

Alimentos que contêm fibras geralmente apresentam a mistura dos dois tipos, mas cereais integrais, grãos, vegetais, verduras folhosas, cascas de frutas e sementes contêm principalmente fibras insolúveis.

“Boas fontes de fibras solúveis são cevada, aveia, arroz integral, feijão, ervilha, lentilha, chia, linhaça, nozes, vegetais, maçã, banana, frutas cítricas e pera”, diz a médica nutróloga. Os benefícios para a saúde foram observados com o consumo de pelo menos 25g a 29g por dia, de acordo com os estudos. Porém, o brasileiro médio consome apenas cerca de 10g a 15g de fibra diariamente.