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Estado de Minas SAÚDE

Não há tratamento medicamentoso disponível para 95% das doenças raras

Cerca de 7 mil moléstias atingem de 260 milhões a 450 milhões de pessoas no mundo, mas alto custo das pesquisas dificulta a criação de remédios


16/02/2022 04:00 - atualizado 16/02/2022 04:03

Ilustração mostra mão cercada de pílulas de remédio

Ao falarmos sobre doenças raras, é natural associá-las a um grupo pequeno de pessoas. De fato, se comparadas a outras enfermidades mais comuns, esse número é realmente reduzido. Todavia, somadas, elas afetam cerca de 3,5% a 6% da população mundial, o que equivale de 260 milhões a 450 milhões de pessoas, segundo dados da European Journal of Human Genetics.

Devido à sua complexidade, estima-se que para 95% dessas doenças ainda não há tratamento medicamentoso disponível. Entretanto, vários estudos clínicos com terapias inovadoras vêm sendo desenvolvidos em diversos países.

Quando se trata de uma doença rara que pode ser agravada pela alimentação, como no caso da síndrome da quilomicronemia familiar (SQF), que afeta a produção da enzima lipase lipoproteica, responsável pela metabolização da gordura no sangue, a necessidade de tratamento fica ainda mais evidente.

Em pessoas com essa condição, as taxas de triglicerídeos podem chegar a concentrações de 15.000mg/dl ou mais, quando esses níveis não deveriam passar de 150mg/dl. Entre os danos que o excesso de gordura pode causar está, principalmente, a pancreatite aguda, que pode matar.

A única terapia de longo prazo atual é a restrição da ingestão total de gordura para menos de 10% a 15% das calorias diárias (15g a 20g por dia), medida que não é sempre bem-sucedida na prevenção da pancreatite aguda.

Buscando tratamentos que proporcionem mais qualidade de vida às pessoas com SQF, reuniram-se 12 países, incluindo o Brasil, no estudo de fase 3, duplo-cego, randomizado, de 52 semanas, chamado Approach. O objetivo era avaliar a segurança e a eficácia de medicamento em 66 portadores da SQF – número consideravelmente grande para uma doença rara.

Os pacientes foram designados aleatoriamente, na proporção de 1:1, para receber a dose semanal de 300mg do medicamento, por via subcutânea, ou o placebo. Pessoas que receberam a terapia tiveram diminuição de 77% nos níveis médios de triglicérides.

Durante o tratamento, três pacientes no grupo de placebo tiveram quatro episódios de pancreatite aguda, enquanto um paciente no grupo do medicamento investigacional teve um episódio nove dias após receber a dose final.

O ensaio foi difícil de conduzir, direcionado a uma doença muito rara, com número de pacientes potencialmente elegíveis relativamente pequeno e protocolo do ensaio muito rigoroso, exigindo que os participantes fizessem exames de sangue muito regularmente, cumprissem dieta rigorosa e ficassem por muitas horas nos locais do ensaio em algumas datas de visita para monitoramento de triglicerídeos pós-prandiais, após ingestão de gordura desafio.

Nem todos os pacientes mantiveram a medicação em longo prazo, mas a resposta lipídica (redução dos triglicerídeos) foi mantida naqueles que continuaram o tratamento. Se interrompido, os lipídios lentamente voltariam à linha de base.

Apesar das dificuldades, é importante desenvolver medicamentos para doenças órfãs. Embora o número de pacientes afetados possa ser relativamente pequeno em cada uma delas, cumulativamente existe uma grande carga. Estima-se em cerca de 7 mil as enfermidades raras no mundo.

Porém, os desafios não terminam com a descoberta de novos tratamentos. Um dos principais problemas é o acesso posterior à terapia. Os custos de pesquisa e desenvolvimento são bastante altos, dificultando esse acesso.

Idealmente, seriam necessárias parcerias internacionais entre a indústria farmacêutica e governos para cofinanciar o desenvolvimento de medicamentos e, em seguida, também fornecer tratamentos a preços específicos para as distintas realidades do mundo – eles seriam mais caros nos países desenvolvidos e um pouco menos caros nos países em desenvolvimento.

De todo modo, há esperança. Se tomarmos o exemplo da hipercolesterolemia familiar homozigótica, há 20 anos havia apenas um tratamento eficaz, a plasmaférese – procedimento automatizado de separação do sangue e retirada do excesso de lipídios.

Atualmente, vários medicamentos são eficazes e permitem que pacientes descontinuem a plasmaférese e atinjam valores de colesterol normais ou próximos do normal. Por tudo isso, precisamos avançar e buscar cada vez mais o desenvolvimento de novos estudos e pesquisas científicas.

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