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Estado de Minas coluna

'Tinha horror de café espresso; agora adoro essa maravilha'

Os italianos bebem cerca de 30 milhões de espressos por dia e têm nuances no preparo da bebida, a depender da região do país


25/02/2022 04:00 - atualizado 25/02/2022 07:34

Mario Draghi, com máscara abaixada, sorve café de uma xícara branca, sentado numa cadeira do parlamento italiano
O premiê italiano Mario Draghi toma um cafezinho numa sessão do Parlamento (foto: Andrew Medichini/AFP )

Nos felizes tempos em que podia ir à Itália pelo menos uma vez por ano, mereci um milagre oferecido pelo meu cara-metade. Ele me levou a um café de rua em Roma, que estava lotado, e pediu um café para mim e outro para ele. Tinha horror de café espresso, fui provar na rua para ter onde cuspir e adorei para sempre a maravilha. 

Agora fico sabendo que a Unesco pretende considerar o café espresso um tesouro nacional, patrimônio imaterial e riqueza cultural da Itália. Não é sem razão, o café espresso italiano é, além de uma saborosa dose de cafeína, um ritual social e cultural do país. 

Os italianos bebem cerca de 30 milhões de espressos por dia, de norte a sul, de Veneza à Sicília, em xícaras ou copos de porcelana, com ou sem uma gota de leite, mas para todos é um gesto de convivência."Tomar um espresso é um pretexto para dizer a um amigo que você se importa com ele", explicou Massimiliano Rosati, proprietário do antigo e prestigioso Café Gambrinus, em Nápoles, participante da campanha para incluir a bebida no Lista do Patrimônio Imaterial da Humanidade da Unesco. "Bebemos todos os dias, a qualquer hora. É um momento de partilha, um momento mágico", afirma. 

Um bom espresso se caracteriza pela rápida preparação a alta pressão e pelo sabor e textura concentrados. "O aroma deve ser intenso e rico, floral e frutado, também achocolatado e torrado", segundo o Instituto Italiano de Espresso, fundado em 1998, que estabeleceu os padrões que regem sua produção. "Na boca, o espresso deve ser encorpado e aveludado, com uma boa dose de amargor", especifica, sem esquecer que a superfície deve ser como "um creme cor de avelã, caracterizada por tons de marrom avermelhado". 

O pedido para ser incluído como patrimônio da humanidade foi enviado pelo Ministério da Agricultura à Comissão Nacional da Unesco na Itália, que deve apresentá-lo antes de 31 de março à sede da agência da ONU, em Paris. Muitas tradições italianas foram reconhecidas pela Unesco, desde a colheita de trufas e a arte da pizza napolitana até a dieta mediterrânea e a fabricação de violinos em Cremona. 

Alguns consumidores adoram acompanhar seu café com minipizzas ou bolinhas de massa fritas envoltas em açúcar, enquanto conversam com seus vizinhos."Aqui, em alguns bairros de Nápoles, ainda existe um costume: quando você visita alguém, não leva bolo ou flores, mas açúcar e café", diz. 

A primeira máquina de café espresso foi inventada em 1884 por Angelo Moriondo, um turco, mas foi um milanês, Desiderio Pavoni, quem conseguiu a sua produção em massa. O espresso rapidamente se tornou bebida popular em todo o país, com leves nuances dependendo da região: com mais ou menos água, mais ou menos encorpado, acompanhado de um copo de água com gás. O Café Sant'Eustachio (foi onde tomei o meu primeiro espresso) é uma verdadeira instituição em Roma, não muito longe do Panteão.

Uma curiosidade que poucos conhecem é que existe em alguns bares italianos o "caffè sospeso", ou "café suspenso". Você toma seu café e deixa um tíquete para quem quiser. É um ato simples e anônimo de generosidade. O "café suspenso" é uma tradição local criada durante a Segunda Guerra Mundial e que ressurgiu há alguns anos como resultado dos tempos de vacas magras. E de Nápoles, graças ao boca a boca e à internet, o gesto se espalhou pela Itália e ao redor do mundo.



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