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Estado de Minas MUNDO FASHION

Semana de Moda de Londres buscou recuperação

Após os desfiles que apresentaram as coleções outono/inverno 2022, indústria da moda britânica aposta em novos negócios


26/02/2022 04:00 - atualizado 25/02/2022 22:41

Desfile da grife Preen na Semana de Moda de Londres
Desfile da Grife Preen: marcas investem em sustentabilidade (foto: Niklas Hallen/AFP)

A Semana de Moda de Londres, que terminou em 22 de fevereiro, teve uma programação que contou com cinco dias de desfiles para apresentar as coleções outono/inverno 2022. As grandes marcas de grife Burberry e Victoria Beckham se ausentaram e não participaram do evento. Nos seus lugares, o destaque foi para estilistas novos no mercado, como o espanhol Javier Aparici. Diferentemente do ano passado, em que a temporada foi realizada totalmente on-line, em razão do isolamento social causado pela pandemia da COVID-19, este ano, além do formato virtual, o evento também aconteceu presencialmente – de forma híbrida.

Na programação, a semana apresentou 37 desfiles públicos e teve mais de 131 designers e marcas na agenda. Os grandes objetivos dessas etiquetas são estrear e receber bastante destaque nas suas coleções outono/inverno. Em anúncio, a Burberry afirmou que no lugar fará um desfile de sua coleção outono/inverno 2022, em 11 de março, na capital da Inglaterra. Outros estilistas que não apareceram presencialmente exibiram suas coleções em formato digital, como, por exemplo, a fashionista britânica e rainha do punk Vivienne Westwood, que colocou peças em um vídeo.

O jovem Aparici, de 28 anos, que deixou o setor financeiro para seguir carreira na moda, abriu os desfiles com sua empresa de roupas sustentáveis Sohuman. Com sua marca de moda sustentável, ele promete uma "transparência radical". Este espanhol de Valência começou desenhando camisetas, que se tornaram extremamente populares em 2019 no país, depois de serem usadas por competidores no programa de televisão “Operación triunfo”, antes de passar para prêt-à-porter "made in Spain".

Para marcas emergentes como a Sohuman, a Semana de Moda de Londres representa uma oportunidade ímpar para fazer seu nome, como aconteceu com o jovem albanês Nensi Dojaka, vencedor, em 2021, do prêmio LVMH para jovens talentos. Esses estilistas emergentes são, muitas vezes, egressos da prestigiosa escola de moda Central Saint Martins ou estão entre os criadores selecionados pela incubadora de talentos Fashion East – desfiles foram apresentados.

Entre os principais estilistas de moda sustentável, a britânica Bethany Williams e o irlandês Richard Malone também apresentaram suas criações. O público acompanhou os desfiles ao vivo ou gravados pela plataforma digital lançada pela Semana de Moda de Londres em junho de 2020, em plena pandemia. Também com a intenção de alcançar o restante do mundo, a sérvia Roksanda Ilincic apresentou um look demi-couture em forma de NFT criado pelo Institute of Digital Fashion.

Depois de ser duramente atingida pela crise sanitária mundial, a indústria da moda britânica, que empregava cerca de 890 mil pessoas em 2019, agora tenta se recuperar. Entrevistada pela imprensa, a diretora-executiva do British Fashion Council, Caroline Rush, reconheceu que foram "anos muito difíceis", durante os quais os efeitos do Brexit se somaram ao impacto do coronavírus.

A saída britânica da União Europeia, cujas consequências foram plenamente observadas em 31 de janeiro de 2020, "continua sendo um desafio para a indústria da moda, seja por tarifas, burocracia, ou vistos para pessoas trabalharem em diferentes países", explicou Caroline. Em relação à situação sanitária, o levantamento das restrições em muitos países permitiu o retorno de um público internacional. "Não teremos pessoas de muitos países asiáticos, que ainda não podem viajar, mas eles têm representantes no Reino Unido. Então, você ainda pode fazer negócios e ver coleções", acrescentou.

Relatório publicado no ano passado pela Oxford Economics para a Creative Industries Federation e para a Creative England afirmava que, "com o investimento certo", o setor criativo pode se recuperar mais rapidamente do que a economia britânica como um todo. O estudo prevê que o setor crescerá mais de 26% até 2025 e contribuirá com 132,1 bilhões de libras (cerca de US$ 180 bilhões) para a economia britânica. Isso representa mais de 28 bilhões de libras do que em 2020.

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