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SAÚDE

Novidades da medicina ajudam a combater a enxaqueca

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O que tenho de conhecidos que sofrem de enxaqueca não está no gibi. Em muitos casos, e em outros tempos, essa dor de cabeça terrível servia como desculpa para evitar o trabalho, tanto doméstico quanto profissional. Muitas eram inventadas, outras verdadeiras, não havia jeito de provar. As reais são de matar.





A dor de cabeça é um sintoma neurológico comum, mas, em sua fase mais séria, a crise de enxaqueca pode durar até 72 horas, aparecer mais de 15 dias por mês e apresentar sintomas como dor intensa e pulsátil em um ou nos dois lados da cabeça, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz ou ao som.

A migrânea, conhecida popularmente como enxaqueca, afeta cerca de 15% da população brasileira, sendo que a faixa etária dos 20 aos 45 anos é a mais acometida. Trata-se de um problema crônico, ou seja, vai e volta com frequência.

O transtorno neurológico multifatorial e poligênico está associado a fatores ambientais, genéticos, hormonais e, especialmente, ligados à alimentação. Aditivos alimentares e bebidas podem estar envolvidos nos mecanismos que desencadeiam a dor em pessoas geneticamente suscetíveis. Dois tratamentos pouco usados para combater o problema são a cirurgia e o enxerto de gordura.





Estudo publicado em agosto de 2020 pelo Journal of the American Society of Plastic Surgeons, maior revista científica de cirurgia plástica do mundo, afirma que as crises de enxaqueca podem ter fim de forma segura por meio da cirurgia. Avalizado pelo Comitê de Segurança do Paciente da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica, o artigo avalia o procedimento como seguro e eficaz.

“Esse artigo reforça a importância de o procedimento ser incorporado por cirurgiões plásticos e pelas sociedades de neurologia como um tratamento-padrão para a enxaqueca”, defende o médico Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Ele é um dos poucos no Brasil a realizarem o procedimento.

“A cirurgia de enxaqueca é realizada por diversos grupos de cirurgiões plásticos ao redor do mundo e em mais de uma dezena das principais universidades americanas, como Harvard. Os resultados positivos e semelhantes das publicações de diferentes grupos comprovam a eficácia e a reprodutibilidade do tratamento”, afirma Rubez.





De acordo com ele, a cirurgia para enxaqueca, disponível mais recentemente no Brasil e embasada cientificamente por uma série de estudos, promete ser um divisor de águas para os pacientes.

Segundo estudos, a experiência clínica recente com cirurgia demonstrou a segurança e a eficácia da descompressão operatória dos nervos periféricos na face, cabeça e pescoço para aliviar os sintomas da enxaqueca. A operação é pouco invasiva e tem o objetivo de descomprimir e liberar os ramos dos nervos trigêmeo e occipital envolvidos nos pontos de dor.

“Os ramos periféricos desses nervos, responsáveis pela sensibilidade da face, pescoço e couro cabeludo, podem sofrer compressões das estruturas ao seu redor, como músculos, vasos, ossos e fáscias. Isso gera a liberação de substâncias (neurotoxinas) que desencadeiam a cascata de eventos responsável pela inflamação dos nervos e membranas ao redor do cérebro, o que causa dor intensa, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som”, explica o médico.

Vários benefícios de tratamentos com enxerto de gordura foram publicados – e muitos deles para a dor. Um estudo de março de 2019, que saiu no Plastic and Reconstructive Surgery Journal, concluiu que os sintomas da enxaqueca se reduziram com sucesso na maioria dos casos em que houve injeção de gordura.





O tratamento foi realizado em pacientes que persistiam com alguma dor após a cirurgia de descompressão de nervos. “Diferentes moléculas secretadas por células-tronco do tecido adiposo expressam efeito anti-inflamatório, melhorando a regeneração dos nervos e levando ao sucesso do resultado clínico. A dor foi melhorada em sete de nove pacientes no seguimento de três meses”, diz Paolo Rubez.

O cirurgião destaca que a lipoenxertia tem se mostrado minimamente invasiva, com poucos riscos e de fácil execução, além de ser procedimento tolerável e eficaz na redução ou eliminação completa da neuropatia persistente. “A técnica demonstrou melhora significativa de sintomas”, garante Paolo Rubez.