Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Oftalmologistas estão preocupados com o impacto da pandemia nos olhos

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Com essa folga que a guerra russa está nos proporcionando, tenho aproveitado os dias sem ter que usar máscaras para dar uma checada em minha saúde. Numa dessas saídas, fui ao consultório de Renato Dias Cardoso, oftalmologista que avalia minha visão há mais de 30 anos. Um dos perigos do diabetes é esse: comprometer a visão. Se considerarmos os problemas advindos da COVID-19, é melhor avaliar antes do que tentar corrigir depois. 




 
E aos cuidados do oculista incluo minha fé em Santa Luzia, protetora da visão – e nome da cidade onde nasci. Com a ajuda dos dois, saí de lá zero bala. O cuidado vale mais do que a pena por que, segundo a Associação Mundial de Glaucoma (World Glaucoma Association ou WGA), o glaucoma é a principal causa de cegueira evitável em todo o mundo. A pandemia da COVID-19 tem afetado o tratamento de pacientes com glaucoma, dificultado o diagnóstico precoce e interrompido o acesso a consultas, exames e procedimentos.
 
Oftalmologistas estão preocupados com o impacto da pandemia de COVID-19 no desenvolvimento da perda irreversível da visão devido ao glaucoma. Médicos de vários países se conscientizaram das dificuldades que seus pacientes tiveram para retornar para exames oculares e check-ups, pois os recursos médicos foram alocados principalmente para o atendimento ao coronavírus e os check-ups adiados devido a preocupações com a exposição ao vírus em clínicas ou hospitais.
 
Os resultados sobre o impacto da pandemia na prevenção e tratamento do glaucoma deram o tom para a Semana Mundial do Glaucoma (em inglês, World Glaucoma Week – WGW) deste ano, realizada entre 6 e 12 deste mês. A iniciativa deste ano destaca a capacitação dos pacientes para esclarecer dúvidas e preocupação sobre o glaucoma.




 
“A pandemia da COVID-19 impactou o tratamento do glaucoma para os pacientes, causando atrasos nas consultas, exames e procedimentos oftalmológicos que colocam os pacientes com glaucoma em risco de perda de visão. Atrasos no tratamento do glaucoma devido à pandemia, juntamente com um acúmulo de exames e procedimentos relacionados ao glaucoma, estão sobrecarregando nossos sistemas de saúde”, destaca o documento de posição da WGA. 
 
O documento fornece orientações para o público, incluindo pacientes não diagnosticados e diagnosticados. As recomendações estão ancoradas na premissa de que o diagnóstico e a progressão do glaucoma não aguardarão o fim da pandemia de COVID-19; portanto, os pacientes devem manter seus exames oftalmológicos regulares e os exames de rotina não devem ser adiados. O consenso dos especialistas enfatizou a importância do tratamento antes que haja perda perceptível da visão, pois este é um sintoma tardio e irreversível do glaucoma avançado.
 
De acordo com a WGA, se um paciente notar perda de visão, dor ocular ou secreção ocular, especialmente se previamente operado de glaucoma, deve procurar um oftalmologista o mais rapidamente possível. Na tentativa de evitar a exposição à COVID-19, a recomendação é escolher uma clínica oftalmológica que siga todas as medidas preventivas e se ajuste adequadamente à atual situação de pandemia em sua região, observando as normas estabelecidas pelos órgãos de saúde locais. 




 
Se um paciente com glaucoma contrair COVID-19, deve informar seu médico de cuidados primários, que tratará essa condição de acordo com as recomendações atuais. A WGA observa que os corticosteroides sistêmicos usados para tratar casos de coronavírus podem causar aumento da pressão ocular em alguns pacientes, mas geralmente leva um período de uso (algumas semanas) para que isso ocorra. Se for necessário o uso a longo prazo, recomenda-se um acompanhamento com seu oftalmologista.
 
O guia do paciente da WGA destaca a importância de avaliar os riscos e benefícios de participar de uma consulta presencial. A medição da pressão ocular e outros exames importantes só são possíveis durante os check-ups presenciais. No entanto, caso o paciente não possa ir a uma clínica ou hospital, a recomendação é agendar uma consulta virtual para garantir uma orientação médica personalizada. 
 
Exames de rotina são uma parte essencial do manejo do glaucoma. Se houver preocupações com o tempo envolvido na realização de exames e aumento da exposição ao coronavírus, a WGA recomenda que o paciente procure seu oftalmologista para discutir alternativas. Exames de imagem mais rápidos estão disponíveis, como fotografias de fundo de olho e tomografia ocular. 




 
O adiamento de cirurgia de glaucoma recomendada deve ser evitado. Em alguns casos, a intervenção cirúrgica é necessária para preservar a visão, principalmente quando o tratamento com laser e colírios é insuficiente para controlar a doença. Como os danos do glaucoma não podem ser recuperados, converse com seu oftalmologista sobre o momento mais apropriado para sua cirurgia de glaucoma.
 
O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível evitável em todo o mundo. Estimativas sugerem que aproximadamente 80 milhões de pessoas em todo o mundo têm a doença. Entre as pessoas com mais de 40 anos, aproximadamente 2% a 10% terão glaucoma, dependendo de sua origem étnica. Há risco aumentado com a idade. 
 
    O diagnóstico e o tratamento imediatos do glaucoma podem prevenir a perda de visão desnecessária; no entanto, mais da metade das pessoas com glaucoma não sabem que têm a doença. Muitos também lutam para acessar os cuidados necessários. Parentes de primeiro grau de pessoas com a doença têm até 10 vezes mais chances de também desenvolver essa condição. Idosos, descendentes de africanos e mulheres apresentam maior risco para o glaucoma.