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SAÚDE

Sem cura, a endometriose exige cuidado redobrado com a região íntima

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No calendário, o Dia Nacional de Luta Contra a Endometriose não chegou (13 de maio), mas a doença – que afeta mais de 8 milhões de mulheres – ainda não tem causa definida. Diagnóstico precoce é o principal aliado da paciente. E a doença está tão em moda que tem aparecido até naquelas chamadas de programas de TV. E provocado histórias como a da assistente administrativa Valéria Lilian, de 27 anos, que enfrentava dura jornada de idas e vidas a clínicas e hospitais para encontrar a solução para as fortes crises de dor que a acometiam há quase um ano.



- Leia: A importância da equipe multidisciplinar no tratamento da endometriose

“Minha pior crise aconteceu em 11 de fevereiro. Cheguei a desmaiar de dor causada por um cisto no ovário direito, diagnosticado em novembro do ano passado. Só depois de uma bateria de exames médicos soube que também tenho endometriose. No meu caso, agravada porque parte do meu endométrio está colada ao cisto/mioma”, explicou a jovem.

Valéria relata que durante todo o ano de 2021 sofreu com as crises fortes, que já provocavam desmaios de tanta dor. “Meu período menstrual era uma verdadeira tortura. Os dias eram de muito sofrimento e, como estava sem convênio médico, acabava deixando de lado a busca por atendimento. Quando contratei um plano de saúde, pude dedicar mais atenção àquelas dores e, a partir de uma ultrassonografia transvaginal, recebi o diagnóstico correto.”

A história de Valéria se confunde com esses mais de 8 milhões de mulheres que convivem com a endometriose, segundo indicadores do Ministério da Saúde. Para melhorar a divulgação, a doença crônica recebeu uma data no calendário nacional: 13 de maio. “Como se trata de uma doença sem causa específica, não tem como prevenir. Por isso, é fundamental seguir uma rotina de cuidados preventivos para garantir um diagnóstico precoce e iniciar o tratamento”, explica a médica Claudia Longo, da Amparo Saúde, empresa do Grupo Sabin.





“Como médicos de família, desempenhamos também esse papel de orientar nossas pacientes a darem mais atenção às queixas ginecológicas. Na APS, podemos observar com cuidado quadros de cólicas mais complexos e também relatos de dor na relação sexual e região pélvica fora do período menstrual, alteração do fluxo menstrual e até mesmo infertilidade”, detalhou a especialista.

Sem cura, a endometriose exige da paciente cuidado redobrado com a região íntima e acompanhamento integral. O médico de família pode contribuir para o cuidado da saúde das mulheres que sofrem com a doença. “Nosso principal papel como médico da família é contribuir para o diagnóstico precoce. Temos que estar próximos das nossas mulheres para aprimorar o olhar com a saúde delas, dedicando atenção especial às queixas, indicando a realização exames para comprovar o diagnóstico correto e dar início à jornada de tratamento. Desse momento em diante, o ideal é que a paciente seja acompanhada por uma equipe multidisciplinar, evitando intercorrências e demora na recomendação de tratamentos mais específicos, e até mesmo possível cirurgia”, explica Claudia.

Sobre os tratamentos, a médica destaca que o avanço da medicina permite a indicação de medicamentos eficientes que o médico indicará. Ainda segundo a especialista, o mais importante é que a mulher com endometriose seja acompanhada e tratada até o climatério, quando o quadro costuma se atenuar. “Nossas experiências nos permitem entender cada vez mais a importância de acompanhamento multidisciplinar com psicólogo, educador físico e nutricionista (dieta anti-inflamatória) para essas pacientes, assim como terapias como acupuntura”.





A médica radiologista Mariana Schettini explica que “a ressonância magnética é um método não invasivo com alta acurácia para o diagnóstico e caracterização da endometriose nos diversos compartimentos pélvicos e nas demais localizações extrapélvicas, auxiliando no adequado tratamento clínico ou cirúrgico”.

Testemunho pessoal: já fui vítima dessa doença e a dor e o desconforto só acabaram quando José Salvador Silva me levou para o Hospital Vera Cruz, onde começou a trabalhar, antes de criar o Mater Dei, e me operou correndo. Já tinha sido examinada – em casa, porque não podia nem sair da cama – por vários médicos. Uma das conclusões para a crise é que era uma baita apendicite. Doutor Salvador foi em cima dos sinais e operou direto e reto. Fiquei boa para sempre.