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MODA

Chanel volta com o tweed no outono-inverno

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A biografia de Chanel, órfã criada em um abrigo que se transformou, ao longo da vida, em uma das estilistas mais famosas do mundo, cuja fama continua com força mesmo depois de sua morte, é uma novela. Sua principal característica de abolir todos os preconceitos, levar a vida de acordo com suas vontades e convicções, fica evidente no estilo que criou e que consagrou sua grife.



De cantora de bar a amante de duque, ela fez tudo na vida. E tudo é discutido abertamente, sem restrições. A não ser sua colaboração com os nazistas quando ocuparam Paris, o que permitiu sua sobrevivência ao longo de toda a ocupação e também depois.

Quando Paris foi libertada, a marca sofreu uma séria restrição. Mas o diferencial de seu estilo acabou conquistando as mulheres, e ela voltou a dominar a moda internacional. No início deste mês, a coleção da grife foi lançada na Semana de Moda de Paris e a passarela mostrou, mais uma vez, a predileção de Chanel pelo tweed para vestir as mulheres. Esse material de ares escoceses catapultou a grife para o sucesso sob as mãos de Gabrielle Chanel, décadas atrás.

De vestidos a calças e casacos, o tecido de lã, com aspecto áspero, porém quente, voltará a vestir a mulher Chanel no próximo outono-inverno, de acordo com a coleção apresentada no Grand Palais, em Paris, no último dia da Semana de Moda. "Dedicar toda esta coleção ao tweed é uma homenagem, uma evidência", declarou a diretora artística da Chanel, Virginie Viard.





O tecido deve o seu nome ao Rio Tweed, na fronteira entre a Escócia e a Inglaterra. A roupa é confeccionada com fios grossos de lã que lhe conferem um ar robusto e campestre.

O tweed marca a identidade da Chanel desde a década de 1950, quando Gabrielle Chanel se apropriou dele ao observar o estilo da aristocracia inglesa. Na passarela, podiam-se observar suas diferentes variações: um casaco rosa pigmentado de azul e violeta. Ou um paletó bordô com reflexos dourados, lembrando as paisagens escondidas na névoa da Escócia. Os trajes são complementados por meias grossas, botas kinky, um modelo de cano alto até a altura da coxa, de borracha preta e bege.

Os sapatos de bico fino e preto, contrastando com o bege, refinam ainda mais a figura das modelos que desfilam com vestidos curtos. "Não há nada mais sexy do que vestir as roupas da pessoa que você ama", explicou Viard, em uma referência à forma como Chanel adotou o estilo do duque de Westminster para as mulheres. Chanel pegou emprestadas as jaquetas masculinas e as feminilizou, enquanto as blusas continuam folgadas.

A estilista Virginie Viard manteve os tons das paisagens do Rio Tweed, mas os transpôs para a Swinging London dos anos 1960, pensando na liberdade das garotas que gostam de dançar, de preferência ao som dos Beatles. O tweed nunca foi tão twist.

Ponto de foco: as malhas, tricôs e os tweeds bordados com paetês, uma das maxitendências da temporada de moda. Outra novidade no desfile foram as botas de vinil, material, aliás, detestado pela criadora da marca.