Localizado no cruzamento do Centro e Sul da Ásia, o Afeganistão foi, durante séculos, um ponto de encontro de culturas e etnias. Prova disso é a impressionante variedade de chapéus, gorros e turbantes usados por seus habitantes. Representam culturas e regiões diferentes e são bem representativos para quem os conhece.
Os pashtuns, o maior grupo étnico afegão e do qual provém a maioria dos talibãs, costumam preferir os turbantes pretos por cima de um gorro com uma "cauda" sobre o ombro. Dizem que uma criança pashtun marca sua entrada na idade adulta quando coloca o turbante. Em Kandahar, no Sul, os homens jovens usam gorros redondos e macios divididos na frente, enquanto os homens mais velhos, especialmente os agricultores, preferem turbantes e lenços.
As mulheres afegãs, em algumas áreas rurais, especialmente na província ocidental de Herat, também usam gorros bordados sobre ou sob um xale que cai sobre os ombros. O pakol, usado pelos tadjiques, é macio e feito de lã de ovelha para proteger a cabeça do frio do inverno. Tornou-se um emblema do falecido comandante anti-Talibã Ahmad Shah Massud, que o usava na parte de trás da cabeça, e de seus combatentes do Vale Panshir.
Um casamento muitas vezes exige um chapéu excepcional, como o gilgit usado pelo noivo, semelhante a um pakol, mas com uma pena na frente ou na lateral para elegância. Um dos estilos mais antigos usados pelos afegãos é o karakul, feito com lã de cordeiro recém-nascido e originário do Paquistão, onde foi popularizado pelo fundador do país, Muhammad Ali Jinnah. O ex-presidente afegão Hamid Karzai era conhecido por usar um karakul.
Por aqui, os chapéus estão de volta, mas só como uma referência a excesso de sol no verão. São quase sempre de palha, leves e claros, e combinam com a época. Aproveitando seu uso informal, algumas exibidas usam formas muito grandes, que não combinam muito bem com os tempos atuais.
Nos fins dos anos 1950 e início dos 1960, o chapéu era complemento indispensável para casamentos e obedecia a algumas regras, como, por exemplo, as madrinhas não usarem modelos muito grandes para não esconder a noiva.
Algumas artistas de chapéus se tornaram famosas e disputadas, como Lenice Bismarcker, responsável por alguns dos mais bonitos modelos que apareciam nos encontros sociais. Algumas festas realizadas no Automóvel Clube também exigiam chapéus das convidadas. Mas com o correr dos tempos e a modificação dos costumes, eles passaram a ser substituídos por belos arranjos de flores, que compunham cabeças mais trabalhadas.
Outra curiosidade da época é que viajar de avião era tão importante que a maioria das mulheres usava pequenos modelos para compor suas toaletes. E sua história é tão antiga e representativa que gerou várias frases tradicionais, como a que significa que a pessoa não quer conversa: “Vamos trocar chapéus.”