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SAÚDE

Especialista alerta para aumento do esgotamento profissional na pandemia

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Vivemos tempos terríveis de pouca esperança para um futuro feliz. A pandemia de COVID-19 diminui, mas nem por isso as notícias são mais animadoras. A humanidade enfrenta tempos de penação e, se não se prepara, a vida vai mesmo pro brejo. A ameaça que atinge a maioria é analisada como síndrome de burnout. Derivada do inglês, “burnout” significa “queima” (burn) + “exterior” (out), isto é, “queimar-se por completo”.





O termo foi criado pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger, em 1974, e refere-se a problemas relacionados à dificuldade de gerenciar a própria vida, correlacionado com o excesso de trabalho, fonte promotora de distúrbios psíquicos, e pode ser entendido no processo de três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. 

Também conhecida por síndrome do esgotamento profissional, a doença muitas vezes é confundida com estresse no trabalho. No entanto, as pessoas acometidas estão em exaustão completa, com esgotamento físico e estresse generalizado. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o burnout é um estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso.

Por se tratar de um processo que evolui ao longo dos anos a partir da relação com o trabalho, que quase nunca é percebido em suas fases iniciais, torna-se difícil determinar uma faixa etária mais afetada.



Os primeiros sinais estão expressos no excessivo prolongamento dos níveis de tensão no organismo, podendo levar à insônia, queda de cabelo, doenças cardíacas, palpitações, aumento da pressão arterial, dores musculares, tremores, gastrite, asma, diminuição de interesse – especialmente em relação ao trabalho –, diminuição da energia e disposição do indivíduo em sua vida de modo geral, levando ao afastamento das atividades entendidas como triviais.

Contudo, há profissionais mais propensos a desenvolver a síndrome, entre eles os de segurança privada e policiais; bancários; trabalhadores da área da saúde, como médicos e enfermeiros; professores; controladores de voo; motoristas de ônibus; executivos; e jornalistas.

De forma geral, é mais comum em trabalhadores que têm relação direta com o público, profissionais assistenciais. Apesar de estarem em destaque no que tange à propensão a desenvolver a síndrome de burnout, isso não quer dizer que outros especialistas estão imunes.





“A pandemia trouxe a necessidade de adequação ao trabalho, imposta pelo distanciamento social. Muitas empresas optaram pelo home office, fazendo com que os afazeres profissionais fossem para o espaço doméstico, exigindo que houvesse a coabitação harmônica entre público e privado. Essa combinação causou certa confusão, pois tarefas domésticas tiveram que dividir espaço com o profissional que trabalha em casa”, explica Marcelo Santos, psicólogo clínico e professor do curso de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

De acordo com ele, a nova realidade fez com que as pessoas trabalhassem além do seu expediente para dar conta dos deveres. Apesar do ganho em diminuição do tempo em locomoção, o ambiente de descanso se transformou em espaço de trabalho diário. Todas as exigências pressionaram consideravelmente o trabalhador, afetando sua saúde mental.

Marcelo Santos pontua que “a pandemia fez com que houvesse um aumento do esgotamento profissional, tendo em vista as mortes pela COVID-19, a insegurança do futuro, o aumento da taxa de desemprego, poder de compra reduzido, espaço doméstico e profissional coabitando juntos, filhos demandando atenção, cobrança dos chefes, reuniões on-line constantes e aumento da jornada de trabalho”. O psicólogo afirmou que tudo isso justifica o aumento dos casos de brurnout no período de pandemia.





Por se tratar de doença relacionada ao trabalho, o especialista diz que é imprescindível ficar atento às condições de trabalho, relacionamento com a profissão, relações interpessoais, excesso da jornada, exigências além do possível de ser cumprido e assédios que podem ocorrer no ambiente profissional.

Caso haja diagnóstico ou suspeita de estar nesse processo de esgotamento, é necessário buscar ajuda com profissionais que poderão oferecer tratamento, tais como psicólogo e psiquiatra.

“O resgate da autoestima e da autoconfiança são necessários para restabelecer a saúde mental, podendo até se valer, se necessário, de tratamento medicamentoso. Praticar atividades físicas, melhorar a qualidade do sono e da alimentação, aumentar o convívio saudável com amigos e familiares e lazer ajudam muito”, esclarece o psicólogo.