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SAÚDE

Mulheres sofrem anos com dor pélvica, que pode ser provocada por varizes

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Toda vez que minhas pernas doem, por causa de pequenos vasos, lembro-me de meu primo que se foi, Márcio Castro Silva, que cuidava de mim como verdadeiro irmão. Quando minha perna esquerda ficou impossível, fui a um especialista que me deu mais de 30 injeções nos vasinhos de varizes e o resultado foi praticamente nada. Esse tipo de doença vascular não é só privilégio de mulheres, mas é nelas que aparecem mais, por causa das saias. Os profissionais da área dizem que os cuidados com a saúde vascular devem sempre fazer parte do universo feminino.





Médicos vasculares encorajam que as mulheres se informem mais a respeito e programem uma visita a um especialista sempre que necessário. Algumas doenças vasculares têm maior prevalência nas mulheres quando comparadas aos homens, como, por exemplo, os vasinhos, as varizes e a dor pélvica crônica. No entanto, doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte na população adulta, como doença coronariana, doença carotídea, trombose venosa profunda, embolia pulmonar e doença arterial obstrutiva periférica, também atingem muitas mulheres.

A cirurgiã vascular paulista Grace Carvajal Mulatti esclarece que, pela alta incidência e prevalência na população, os vasinhos e as varizes são possivelmente o diagnóstico mais frequente.

“Estudos epidemiológicos mostram que 80% a 85% das pessoas são identificadas com algum grau de varizes. Em segundo lugar vêm as doenças relacionadas à aterosclerose, que atingem possivelmente o mesmo número de homens e mulheres. Contudo, nas mulheres a doença ocorre numa idade mais elevada. Essas doenças são estenose das carótidas e doença vascular periférica, além da trombose venosa profunda. Os aneurismas aórticos são muito menos frequentes em mulheres, já que dados mostram que os aneurismas em homens são de quatro a seis vezes mais constantes. Infelizmente, hoje sabemos que 80% das doenças cardiovasculares são decorrentes de hábitos de vida não saudáveis e evitáveis, tais como a má alimentação, o tabagismo e o sedentarismo”, detalha.





Ainda de acordo com Grace, todas as doenças cardiovasculares tiveram aumento expressivo nos últimos anos, notadamente a coronariana, a carotídea e a doença arterial periférica e, atualmente, elas são a principal causa de morte entre as mulheres. A especialista explica que os hormônios femininos conferem à mulher algum grau de proteção contra as doenças cardiovasculares. E, portanto, após a menopausa, o risco cardiovascular da mulher se eleva, e ela certamente precisará intensificar os cuidados com alimentação e exercícios físicos, controle do peso corporal e das comorbidades, como hipertensão, diabetes e colesterol elevado.

Em relação às varizes, a especialista reforça que as mulheres devem ser incentivadas a procurar precocemente o diagnóstico e o tratamento apropriado para evitar a progressão da doença para um grau mais moderado ou severo, com efeitos indesejáveis, como a pigmentação permanente e as feridas nas pernas. “Em graus mais leves e superficiais, o desconforto maior pode ser apenas estético. Porém, conforme a evolução para graus mais severos pode haver comprometimento da veia safena e susceptibilidade a eventos trombóticos, superficiais ou eventualmente profundos”.

Para ter uma vida saudável, Grace ressalta a importância de manter alguns hábitos, como não fumar, diminuir o consumo de álcool, ter uma alimentação equilibrada e o peso corporal controlado, praticar atividade física e cuidar da sua saúde mental, além de monitorar a hipertensão, o diabetes e o colesterol.





O presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo, Fabio H. Rossi, enfatiza a importância que as especialidades de angiologia, cirurgia vascular e endovascular têm para o bem-estar e a saúde da mulher.

“Além das doenças muito bem abordadas e explicadas por Grace, devemos lembrar que as varizes acontecem não apenas nos membros inferiores, mas também na pelve feminina. A dor pélvica crônica é a principal causa da procura pelo ginecologista em um terço dos casos, e as varizes pélvicas podem ser as responsáveis por esse sintoma, também em um terço dessas mulheres. Sua ocorrência está relacionada à presença de obstruções e refluxos que ocorrem nas veias abdominais e nas varizes pélvicas, que podem ser tratadas de forma minimamente invasiva por técnicas de cateterismo, com melhora dos sintomas na maioria dos casos. Muitas dessas mulheres sofrem anos com esses sintomas, sem que o diagnóstico seja feito”, explica o médico.