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Seu filho foi diagnosticado com autismo?

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Não é raro que comparemos nossa infância com a das crianças de hoje. Não imagino o que elas podem levar de lembranças se o companheiro constante e insubstituível é o celular, com seus jogos e raras distrações.



Sem acompanhamento, sem amigos para compartilhar as emoções, lembranças para guardar e lembrar. Tenho na família esse tipo de meninada e não consigo entender como as coisas mudaram, os interesses são outros, celular dispensa companhia. Mas a juventude tem seus problemas e um deles, mais importante, é o autismo. Sobre isso, a coluna divulga considerações de uma profissional da área, Liya Regina Mikami:

“Em 2 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Esta data foi criada em 2007 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre esta condição, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que uma a cada 59 crianças tenha autismo, o que representa cerca de 2% das crianças e adolescentes no mundo.

Uma dúvida muito frequente entre os pais e familiares é: como saber se meu filho tem autismo?. Eu, como mãe de autista, mesmo sendo geneticista e trabalhar com autismo há mais de 10 anos, passei pela mesma dúvida inicial que todos tiveram: será que é autismo?. Com 2 anos, meu filho ainda não falava. Procurei vários médicos que me informaram ser normal e que deveria esperar até os 3 anos.

Porém, por conhecer os sintomas da doença, que envolvem principalmente dificuldade na interação social, falha na comunicação, movimentos estereotipados e rigidez na mudança de rotina, uma luz vermelha se acendeu para mim, mesmo verificando apenas falha na comunicação e uma estereotipia (flapping com as mãos) – e pensei, é autismo. Para ser autista, a criança não precisa apresentar todas essas características e é claro que também o fato de ter uma característica não o enquadra como autista, podendo acontecer ainda que alguma característica esteja mascarada.





Por isso, ao menor sinal de alerta – criança não olha nos olhos, não fala, não gosta de contato físico, não interage com outras crianças, tem movimentos repetitivos como balançar as mãos, balançar o tronco, bater a cabeça quando contrariada, muito apegado a rotinas e não ter um “brincar” muito funcional – é importante que um neuropediatra seja procurado para que seja iniciada a investigação clínica.

Quando recebemos o diagnóstico de TEA, passamos por uma fase de luto, é normal, não se sintam culpados: eu tive, meu marido teve, muitos de vocês com certeza também vivenciaram isso. O luto é por todos os planos que foram feitos para o futuro do nosso filho, futuro esse que neste momento nos parece tão incerto e nos sentimos tão isolados e desamparados.

Se está passando por essa fase, não se culpe e não desanime, vai passar e você vai ver que o futuro pode não ser como vocês planejaram, mas que pode continuar sendo maravilhoso; de uma forma diferente, seu filho continua ali, e você vê o quão especial ele e vocês são, quão adaptável a mudanças a gente é e como as conquistas diárias passam a ser muito mais valorizadas.



Por isso, não desanime. Viva o seu luto, mas siga em frente. Temos que correr atrás do futuro do nosso filho, tentar propiciar o tratamento recomendado pelo médico e fazer nossa parte neste tratamento também! O papel da família é fundamental para que seu filho tenha uma melhor qualidade de vida e independência no futuro.

Estimular seu filho em casa em momentos de lazer, dar independência, interagir com os terapeutas, unir a escola às terapias, faz toda a diferença. Acreditem, por experiência própria, eu digo que dá certo.

Compartilhar seu luto, suas dúvidas e sua angústia com outras mães e grupos de apoio é superválido. No entanto, jamais compare o tratamento do seu filho com o de outra criança e, ainda mais importante, não compare a evolução dele com outras crianças, mesmo que tenham o mesmo diagnóstico, pois o TEA tem uma ampla variação na manifestação de características. O tratamento de cada criança é personalizado, indicado pelo neuropediatra e seguindo um plano terapêutico específico para ele.

E, por fim, mais importante do que a conscientização da sociedade sobre o autismo é a conscientização dos pais e familiares dos autistas sobre o quão especiais eles são e de tudo que eles podem fazer e se desenvolver. Por isso, não desista nunca!”