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Estado de Minas ANNA MARINA

Novo estudo científico pode ajudar a combater a infertilidade

Descoberta abre a possibilidade de novas abordagens terapêuticas para reduzir as alterações cromossômicas em óvulos humanos


25/04/2022 04:00 - atualizado 25/04/2022 09:38

Ilustração da coluna anna marina
Causas da infertilidade e de complicações durante a gravidez são extremamente diversas

Em estudo publicado em fevereiro na revista científica Science, um grupo de pesquisa descobriu que deficiência de uma certa proteína nos oócitos humanos pode resultar em alterações cromossômicas nos óvulos, responsáveis por infertilidade, abortos e doenças como a síndrome de Down. As causas da infertilidade e de complicações durante a gravidez são extremamente diversas, podendo incluir, por exemplo, a qualidade dos espermatozoides, idade avançada, condições pre-existentes da mulher e até mesmo alterações cromossômicas do óvulo.


Já era conhecido que esses erros estavam relacionados a frequentes instabilidades nesses fusos mitóticos, mas não se sabia até então qual era a causa dessas instabilidades, que não são observadas em outros mamíferos. A boa notícia é que, agora, um grupo de pesquisadores parece ter encontrado a causa dessas instabilidades que levam a falhas nos óvulos.

Para descobrir exatamente o que causa essas instabilidades, os estudiosos compararam as proteínas presentes nos   oócitos de diferentes mamíferos, incluindo, além de oócitos humanos, células de ratos, porcos e vacas. Após análise, descobriram que os oócitos humanos são deficientes de proteína KIFC1.

“Essa proteína atua como uma espécie de motor molecular, servindo para estabilizar a maquinária que separa os cromossomos durante a divisão celular, para evitar que ocorram problemas durante esse processo”, diz Rodrigo Rosa. Em comparação com humanos, oócitos de outros mamíferos apresentaram uma quantidade significativamente maior dessa proteína, o que explicaria o motivo de essas falhas nos óvulos serem menos frequentes nos animais.

Para confirmar a hipótese, os pesquisadores investigaram em seguida se a manipulação dessas proteínas afetaria a estabilidade do fuso mitótico. Usando uma técnica que rapidamente degrada a proteína-alvo em qualquer tipo de célula, o grupo esgotou os níveis da proteína KIFC1 nos oócitos de ratos e vacas, que, sem essa proteína, sofreram com instabilidade no fuso mitótico de maneira similar aos humanos, o que resultou em mais erros na separação dos cromossomos.

Os pesquisadores ainda suplementaram oócitos humanos com quantidades extras dessa proteína, que apresentaram fusos mitóticos significativamente mais estáveis e menos erros cromossômicos. Segundo Rodrigo Rosa, os resultados sugerem então que a proteína KIFC1 é realmente um fator crítico para garantir que a distribuição de cromossomos ocorra sem erros durante o processo de meiose do oócito. 

“Essa descoberta é realmente animadora, pois abre a possibilidade de novas abordagens terapêuticas para reduzir as alterações cromossômicas em óvulos humanos, ajudando assim a aumentar a eficácia de tratamento de fertilidade no futuro”, finaliza o médico.

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