O corpo humano foi feito para funcionar em perfeito estado. Qualquer coisa que saia do normal não passa despercebido. Várias vezes, em conversas informais com amigos, sai o assunto de elencar quais são as piores dores. Na minha opinião, é a que estamos sentindo na hora, porque não fomos criados para isso.
Enxaqueca e cálculo renal chegam a causar vômitos, tamanha é a dor. Contração de parto, angina, dor na coluna geralmente encabeçam a lista, mas quem já teve uma úlcera sabe muito bem como é, e nem me refiro à perfurada. E a constipação intestinal? Daquelas que a única solução é ir ao hospital e passar pelo desagradável, porém salvador, enema.
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As doenças que afetam o sistema gastrointestinal são diversas e as mais frequentes são dispepsia, doença do refluxo gastroesofágico, gastrites, doença ulcerosa do estômago e duodeno, síndrome do intestino irritável (SII), diarreia, obstipação intestinal. “Outras doenças que afetam o aparelho digestório incluem as doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn e retocolite ulcerativa), hepatite, pancreatite, colecistite e colangite”, exemplifica a médica Nanci Utida.
Os sintomas mais comuns do refluxo, gastrite e úlcera são azia ou sensação de queimação no tórax depois de se alimentar, que costuma ser pior à noite; indigestão; dor ou queimação de estômago; sensação de estar “cheio” depois de comer.
As doenças intestinais, como a síndrome do intestino irritável (SII), doença de Crohn e retocolite ulcerativa, têm como sintomas frequentes a alteração do trânsito intestinal que podem se refletir com episódios de diarreia e dor abdominal. “No caso da SII, há pacientes que podem apresentar constipação intestinal (intestino preso) ou alternar períodos de diarreia e constipação”, explica a médica.
Os especialistas são unânimes em afirmar que o diagnóstico e tratamento precoces das doenças digestivas levam a um melhor prognóstico e maior chance de cura. Um bom exemplo é a gastrite causada pelo Helicobacter pylori, uma bactéria que habita o estômago e que, além de causar gastrite e úlcera gástrica, está associada ao maior risco de desenvolvimento de câncer de estômago. Portanto, se o paciente for identificado com essa bactéria, é preciso erradicá-la. A duração do tratamento depende da gravidade de cada doença.
Já tive várias úlceras duodenais, a primeira eu tinha 17 anos. Quando estava escrevendo esta coluna, recebi de uma amiga uma figurinha da personagem de quadrinhos Matilda perguntando à professora: “Pra onde vão nossos silêncios quando deixamos de dizer o que sentimos?”. Na mesma hora, eu respondi: “Para o estômago e se transformam em úlceras”.
Esse foi de fato o diagnóstico do médico; ele me disse que eu estava engolindo muito sapo, precisava começar a falar tudo que me incomodava, se não teria uma úlcera perfurada com menos de 30 anos. Uma vez fiz tratamento para H. pylori, e quase morri de tanto passar mal com a quantidade de antibióticos.
Segundo Nanci Utida, no caso de algumas doenças intestinais, como síndrome do intestino irritável e as doenças inflamatórias intestinais, a terapia medicamentosa pode durar de meses a anos. A terapia medicamentosa, em alguns casos, só controla a doença, como na síndrome do intestino irritável e na doença inflamatória intestinal.
Por isso é muito importante manter a flora intestinal equilibrada. Os probióticos, micro-organismos vivos que quando ingeridos em quantidades adequadas promovem vários benefícios à saúde, têm um papel importante na flora. Eles estão disponíveis em alguns alimentos fermentados e em suplementos. A médica afirma que manter uma alimentação equilibrada é fator decisivo na prevenção de doenças do aparelho digestório e no organismo como um todo. Fica a dica.
* Isabela Teixeira da Costa/Interina