Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Ligações em excesso: quando o celular não dá trégua

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Quando a titular desta coluna sai de férias, eu tenho a honra e a grande responsabilidade de substituí-la. Uma das fontes de inspiração para os textos é sem dúvida o e-mail da Anna, que recebe mais de 500 mensagens diariamente e, por isso, tenho acesso a ele.





Esta semana, olhando o material recebido, me deparei com artigo de uma colega de São Paulo, enviado pelo doutor José Salvador, da Rede Mater Dei – muito amigo de Anna e leitor contumaz, ele envia várias coisas –, e o título me chamou atenção “É aceitável telefonar para as pessoas hoje em dia?”, escrito pela colunista do Valor Econômico, Pilita Clark, publicada em 30 de maio.
 
Ela falava sobre as “cold-callers” (chamadas frias), susto e sensação de invasão que sentiu quando recebeu um telefonema de uma relações-públicas, uma vez que, segundo ela, essas chamadas pararam no período grave da pandemia.
 
Anna Marina não tem celular. Faz questão de dizer isso com orgulho para espanto geral, principalmente de assessores de imprensa que sempre me ligam pedindo o número de seu WhatsApp. Na verdade, ela tinha no período que seu marido Cyro Siqueira ficou doente, porém, tão logo ele faleceu, jogou o indesejável aparelho no lixo. E fala sem meias palavras – como sempre – que já recebe centenas de e-mails, o telefone toca o dia todo e não precisa de mais nada apitando na cabeça dela.




 
O artigo de Pilita me causou certo espanto. Com a pandemia e a implantação do home office, todas as assessorias de imprensa e RPs descobriram meu celular, e não me perguntem como. Me deu uma grande inveja da colega que conseguiu paz nas chamadas por mais de dois anos.
 
Imaginem ligações de assessores de imprensa e RPs somadas ao excesso de calls desconhecidas de telemarketing querendo vender empréstimo, redução de juros, fibra ótica e mais uma centena de coisas – o telefone toca o dia todo e o meu não teve trégua.
 
Coloquei meu celular no silencioso e só atendo números identificados. E todos os profissionais de imprensa enviam mensagens de WhatsApp antes, e eu os cadastro na minha agenda, porque o celular pessoal acabou se tornando ferramenta de trabalho, e precisamos que seja assim para termos acesso a tudo que está rolando por aí.




 
Incômodo mesmo são aqueles que ligam em horas completamente inadequadas, tipo sexta-feira à noite, ou sábado à tarde, por exemplo, dizendo ser urgente, para falar de uma coisa que só será resolvida na segunda-feira. Aí me pergunto: pra quê?
 
Tenho que concordar com a colunista, melhor seria se todos enviassem e-mail ou mensagem, mas nunca entendi uma coisa. Por que as pessoas enviam e-mail e na mesma hora ligam para saber se recebemos? Não confiam no seu provedor? Mas existe uma ferramenta que avisa quando o e-mail é aberto pelo destinatário. Também não confiam na informação? E fico pensando: será que isso só ocorre aqui em Belo Horizonte, porque mineiro é bicho desconfiado, ou em todas as praças?
 
Outra coisa que tomei conhecimento por meio do artigo de Pilita é que uma empresa de tecnologia de Israel, a PicUp, está desenvolvendo um software que promete revolucionar o mercado de vendas por telefone. Segundo ela escreveu, “permite que uma empresa faça chamadas que aparecem na tela do destinatário com número, nome, rosto ou logomarca que identifica claramente quem está chamando, em vez da mensagem 'chamada de autor desconhecido', que é a marca registrada do 'cold-caller'.”
 
Isso será maravilhoso, porém, aqui no Brasil, acredito que não vai funcionar, porque ninguém vai atender essas chamadas identificadas.
 
(Isabela Teixeira da Costa / Interina)