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ANNA MARINA

Obesidade mórbida infantil: desafio a ser vencido

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Até o final da década de 1980, quando alguém via um bebê magro, ia logo dizendo que ele era fraquinho, que poderia adoecer. Ao contrário, se o bebê fosse mais cheinho, tivesse dobrinhas, aí estava no ponto. Era saudável porque estava parrudo. Claro, vivíamos em um país no qual a desnutrição era o maior desafio familiar. Vencemos essa etapa, e caímos em outra tão ruim quanto: a obesidade mórbida infantil.




 
O Brasil tem mais de 3 milhões de crianças com obesidade mórbida, e isso pode levar a uma série de outras doenças crônicas, como problemas de saúde mental, doenças cardíacas e diabetes tipo 2, além de alguns tipos de câncer e problemas nos ossos e articulações. De acordo com o estudo global Action Teens, infelizmente, um em cada cinco adolescentes não percebe que tem obesidade e um em cada três pais desconhece o diagnóstico. Se a pessoa não enxerga que está obesa e se o responsável por ela também não, jamais procurarão tratamento.
 
De acordo com o Ministério da Saúde, uma em cada 10 crianças brasileiras de até 5 anos está com o peso acima do ideal: 7% têm sobrepeso e 3% já têm obesidade. Para ser mais explícito, estima-se que 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso no Brasil e 3,1 milhões obesidade, isso é quase toda a população da cidade do Rio de Janeiro, que tem mais de 6,7 milhões de habitantes, por exemplo. As tendências pós-anos 2000 previram um mundo onde, pela primeira vez, haveria mais crianças e adolescentes obesos do que com baixo peso.
 
Um dos grandes fatores que levam à obesidade é a alimentação. Em vez de comer um alimento preparado na hora, em casa, rico em verduras e legumes, sem fritura, a maioria come alimentos ultraprocessados (sorvete, suco de caixinha, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, achocolatados, bolos industrializados, embutidos, etc.), que são densamente calóricos e sem nenhum valor nutricional. Além de engordar, ficam com falta de vitaminas. Somado ao estilo de vida que é sedentário, o quadro se agrava.




 
Segundo Karla Lacerda, CEO da CalcLab, plataforma que faz leitura diagnóstica de exames laboratoriais, atualmente as doenças adquiridas por causa da obesidade já atingem crianças cada vez mais novas, apontando para perspectivas de adultos mais doentes. A OMS prevê que, em 2030, o Brasil pode ser o quinto país com o maior número de crianças e adolescentes obesos.
 
Infelizmente, a alimentação inadequada começa na gestação, com a má alimentação da mãe. Outro problema identificado pelos especialistas é o fato de muitas mães não amamentarem os filhos até os seis meses de idade, inserindo a criança no ambiente de alimentação não saudável mesmo antes de ela estar apta a comer e introduzindo industrializados e ultraprocessados já durante os primeiros meses de vida.
 
Na prática, para uma melhor visualização e entendimento dos pais, uma criança que tem seu peso 25% maior que o desejável para sua idade já apresenta sobrepeso, que é um primeiro alerta para a obesidade. Quando o peso está 30% acima, ela já é considerada obesa. Ambas as condições podem favorecer várias doenças, entre elas diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia, depressão, câncer e doenças cardiovasculares. O aumento de peso entre os pequenos hoje resultará em aumento significativo no futuro nos custos da saúde.




 
É imperativo que as famílias mudem hábitos alimentares, porque a criança repete o que vê os adultos fazendo. Então, se todos se sentam à mesa, sem telas, com alimentos saudáveis, se é um momento tranquilo e bom, a criança replicará esse comportamento e desenvolverá uma relação melhor com a comida. Além disso, criança precisa ter rotina para se sentir segura, se desenvolver melhor num ambiente em que ela está ciente das atividades que acontecerão no dia a dia, com hora para brincar, estudar, comer, dormir.
 
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)