Jornal Estado de Minas

COMPORTAMENTO

Envelhecimento da população abre mercado para cuidadores

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Não é novidade para ninguém que a população idosa brasileira cresceu muito mais que o esperado. Na década de 1970, um estudo estimou que em 2010 teríamos 3,5 milhões de idosos. Porém, em 2018, o número já estava quase 10 vezes acima do previsto. Com mais idosos nas famílias, é maior a demanda de cuidados, o que vem sendo um grande problema no país, por vários motivos.





O primeiro deles esbarra, ou melhor, tromba com uma força enorme na nossa cultura. A grande maioria dos brasileiros não aceita colocar seu idoso em asilo. Provavelmente, porque asilos eram tidos como casas para abrigar abandonados pelas famílias, locais precários e pobres.

Hoje é bem diferente, há casas excelentes, com toda infraestrutura, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, etc. Nesse espaço de convivência, a família pode visitar o idoso diariamente.

Mesmo assim, achamos que a obrigação é nossa, que se delegarmos esses cuidados a terceiros, mesmo dando assistência e presença, é como se estivéssemos em falta com quem nos deu tudo.





Quando alguém diz que colocou o pai ou a mãe em uma dessas casas, sente, na hora, o olhar de reprovação do ouvinte, apesar de vãs tentativas de despiste. Existe um julgamento silencioso.

Outro problema são os cuidadores. Sim, porque antigamente as mulheres da família assumiam os cuidados com os mais velhos, mas atualmente a maioria trabalha fora e não tem mais tanto tempo para ficar em casa cuidando de seus idosos. Assim, nasceu a profissão de cuidador, porque nem todos precisam de enfermeiros.

Não é tarefa fácil fazer uma boa seleção dos profissionais, alguém em quem você sinta confiança para colocar dentro de casa, tomando conta de uma pessoa que você ama, negociar valores, fazer contrato, administrar plantões, folgas, feriados, substituições quando necessário. Sim, porque cuidador também adoece, tem problema familiar e precisa faltar. E aí? Como arrumar outro em cima da hora? Quem passa por esses sufocos sabe muito bem o quanto é desesperador.

Por todos esses motivos, Raquel Azevedo, Henrique Costa e Carla Azevedo se uniram e criaram a Helpmy. Trata-se de um aplicativo que conecta as famílias que precisam de ajuda a cuidadores de idosos em todo o Brasil.

A empresa realiza seleção criteriosa, com equipe especializada em gerontologia e recrutamento, avalia e entrevista 100% dos cuidadores, que se tornam aptos a atender às demandas. Analisa documentação completa, bons antecedentes e seleciona apenas aqueles mais qualificados, que têm certificação de curso de cuidador com carga mínima de 80 horas, pelo menos um ano de experiência. A empresa também checa referências com clientes anteriores.





A Helpmy tem dois aplicativos, um para clientes e familiares, outro para os cuidadores. Os clientes se cadastram e descrevem situação e necessidade do idoso, explicando a demanda, com data, especificidades, medicamentos e preferências. Cada detalhe pode fazer a diferença na hora de encontrar o cuidador ideal.

O sistema, então, faz o “matching”, ou seja, o casamento com os melhores cuidadores capazes de atender aquele idoso, de acordo com suas qualificações e experiências. O cliente pode navegar dentro do perfil público dos cuidadores para solicitar aquele que considerar o melhor. Tudo com agilidade e segurança.

Para Raquel Souza Azevedo, idealizadora da Helpmy, mestre em enfermagem pela UFMG, especialista em gerontologia e autora do livro “Fundamentos do cuidado ao idoso frágil”, há um grande número de cuidadores despreparados no mercado.





“Como tenho muita experiência, muitas famílias me procuram para que indique alguém, pois não têm ‘sorte’ ao escolher os cuidadores. Isso ocorre porque a área está crescendo muito e as pessoas acham que a tarefa é fácil, mas não é assim”, diz a especialista.

Com certeza, já é mão na roda. E melhor de tudo: em caso de necessidade de substituição, eles providenciam rapidamente outro profissional. Um alívio e tanto que só sabe quem tem idoso na família necessitando desses cuidados.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)