Só familiares de quem já precisou de sangue sabe o verdadeiro valor e importância de um doador. São pessoas anônimas que abrem mão de uma parte de seu tempo para ir a um local e doar vida. Uma bolsa de sangue, que não custa nada para ninguém, salva uma vida. É uma doação gratuita, indolor, o sangue que sai é regenerado rapidamente, e aquela bolsa que ficou ali, armazenada, não tem preço.
A grande maioria das pessoas pode doar. Infelizmente, o número de doares é mínimo, comparado à população. Segundo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), os países devem ter entre 3% a 5% de doadores em relação ao número total da população. Infelizmente, no Brasil, esse percentual é de apenas 1,9%, segundo dados de um levantamento recente realizado pelo Ministério da Saúde.
Hoje é o Dia Mundial do Doador de Sangue. E como várias datas importantes, ela foi criada para aumentar a conscientização sobre a necessidade de ser um doador. E a escolha do dia não foi arbitrária, ao contrário, foi escolhida a dedo, por ser no período de temperaturas mais baixas, férias e feriado que a doação cai e a necessidade aumenta.
Nelson Tatsui, diretor-técnico do Grupo Criogênesis e hematologista do HC-FMUSP, explica que a doação de sangue é um ato rápido e solidário. “A doação é feita em uma hora, aproximadamente. É possível salvar vidas de pessoas que passaram por intervenções cirúrgicas ou que estão em algum tratamento, como o paciente hematológico ou transplantado e que precisam de transfusão imediata. No Brasil, cerca de 3,5 milhões de pacientes necessitam de transfusões de sangue por ano. A campanha ocorre nesse período para incentivar e fortalecer as ofertas, porque a falta de estoque em um hospital é capaz de cancelar cirurgias e colocar a vida das pessoas em perigo.”
Em média, os 450ml de sangue que são doados, o que corresponde a uma bolsa de sangue, podem salvar até quatro vidas. Por isso doar sangue é tão importante e independe do grau de parentesco entre o doador e quem receberá. Pessoas que têm entre 16 e 69 anos podem ser doadoras. Para os menores de 18 anos, é preciso o consentimento dos responsáveis e, entre 60 e 69 anos, o candidato precisa já ter realizado o procedimento antes de completar 60 anos. É preciso pesar, no mínimo, 50 quilos e estar em bom estado de saúde.
Há 13 anos, minha mãe teve que fazer uma cirurgia de coração e precisou de sangue. Saímos à cata de doadores. Ligamos para primos, colegas de trabalho, amigos, etc. Um primo que era dentista tinha convênio com a PM e acionou o pessoal de lá. Eles foram muito solidários. Conseguimos todas as doações necessárias, e muitos dos doadores foram pessoas que não conhecíamos.
Como ficam registrados, pegamos a listagem e depois que passamos o sufoco enviamos a cada um dos doadores um coração rendado de chocolate, com um cartão de agradecimento. Até hoje, de vez em quando, encontro com alguém por acaso, e a pessoa fala como foi acolhedor receber aquele agradecimento. Mal sabem eles que isso é o mínimo. Afinal, graças a menos de 500ml de sangue de cada um, a vida da minha mãe foi salva. Isso tem preço? Jamais conseguiremos agradecer à altura.
Fica aqui o apelo: se você pode doar, não perca esta oportunidade de fazer o bem, não importando a quem.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)