Desde o ano passado tenho ouvido falar sobre metaverso, e o falatório tem aumentado. Sei que se trata de um mundo virtual onde as pessoas já estão comprando terrenos, casas e apartamentos, abrindo negócios, etc. Mas ainda não tinha parado para me aprofundar no assunto e evitar ficar “boiando” nas conversas.
Acredito que muitos leitores estejam na mesma situação que eu, por isso decidi esclarecer um pouco sobre o tão falado “mundo paralelo”.
Leia Mais
Software prioriza a prevenção do diabetes, em vez de só tratar a doençaAté quando machões covardes ficarão soltos e impunes?Preconceito? Leitora relata indignação durante a doação de sangueTem mania de coçar os olhos? Cuidado com o ceratoconeQuase 69% dos brasileiros não dormem bem. Você está entre eles?Já pensou? Cada um de nós terá um avatar e ele será a extensão do nosso corpo.
O metaverso utiliza tecnologias de realidade virtual aumentada para proporcionar a imersão do usuário. O acesso pode se dar por meio de acessórios como óculos e manoplas conectados a computadores ou smartphones.
Uma coisa é certa: para que o metaverso desejado por Zuckerberg se torne realidade, é necessária a convergência de diversas tecnologias e o aprimoramento de muitas ferramentas e equipamentos que existem hoje. Isso ainda pode demorar um bom tempo.
O termo metaverso significa transcender o universo. Existem vários “universos”, ou seja, plataformas, como Decentraland, Axie Infinity, Horizon, Mesh, Sandbox, Fortnite e Roblox, que oferecem uma variedade de experiências – de jogos a espaços de trabalho virtuais, passando por entretenimento ao vivo.
Para investir no metaverso é necessário adquirir criptomoedas, dinheiro usado nos ambientes virtuais. É o caso das moedas MANA (Decentraland), SAND (The Sandbox) e ENJIN (Enjin Coin). O mesmo vale para fundos de investimento e ETFs (Exchange-Traded Founds) com cripto.
Outro investimento se dá por meio de NFTs (tokens não fungíveis). Eles podem fazer parte do metaverso de diferentes formas, como certificado da compra de um terreno virtual no Decentraland, por exemplo.
Com o aumento da procura por espaços virtuais, o seu ativo será diretamente valorizado. Uma forma indireta de investir é comprar ações de empresas como Meta, Microsoft, Roblox e Epic Games, que têm capital aberto na bolsa e apostam no segmento.
Mas esse mundo virtual pode prejudicar a saúde mental? Para Cláudio Melo, da Holiste Psiquiatria, as relações virtuais são bastante concretas, mas exigem atenção para não se tornarem fuga da realidade. Com a promessa de revolucionar as interações sociais e de trabalho, o ambiente virtual compartilhado e colaborativo permite simular interações humanas do mundo real.
“Acho curiosa essa forma de nos referirmos às interações on-line como relação virtual. É como se elas não existissem, fossem algo imaginário. A pandemia foi um catalisador da interação audiovisual a distância, desde o simples bate-papo e do home office à telemedicina. O metaverso vem ampliar essas possibilidades. Contudo, é claro que esse tipo de interação não substitui a presença real. Devemos vê-la como complemento, um substituto na impossibilidade da relação presencial”, afirma Melo.
Para o psicólogo, o problema não está nas novas tecnologias, mas no mau uso que se faz delas. Ainda assim, essa é uma questão antiga que perpassa diversas inovações, como o rádio, a televisão e o videogame. Utilizar esse ou aquele aparelho não é suficiente para adoecer uma pessoa saudável.
De acordo com o especialista, por meio de consultas on-line, muitos pacientes passaram a cuidar da saúde mental via internet, fenômeno que pode ganhar força no metaverso.
Apesar de não ser vilão, o metaverso guarda alguns riscos, como se tornar fuga das responsabilidades, das tomadas de decisão e dos incômodos da vida real.
“Qualquer comportamento que seja disfuncional, que impeça a pessoa de realizar as atividades do dia a dia ou que coloque em risco a saúde física ou psíquica merece atenção especial. Sinais de ansiedade, sintomas depressivos, mudanças repentinas no comportamento, alterações no ciclo de sono podem ser sinais de alerta para buscar atendimento especializado”, finaliza o psicólogo.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)