Tenho uma amiga que se preocupa, desde o ano passado, com o leve tremor que sente no maxilar. É imperceptível aos olhos de quem vê, mas ela diz que sente. Como a mãe teve mal de Parkinson, está cismada. Já foi a vários médicos, até hoje nenhum encontrou nada, mas ela não consegue se desligar do problema. Tudo isso por medo da desagradável doença.
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O motivo é a degeneração de células situadas na região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem dopamina, que conduz as correntes nervosas ao corpo. A falta ou diminuição de dopamina afeta os movimentos, provocando os sintomas descritos acima.
Ainda não há cura, mas o paciente pode ter vida normal à base de medicamentos que combatem os sintomas e seu progresso. São importantes também a fisioterapia, a terapia ocupacional e, se necessário, a fonoaudiologia, no caso de alterações na fala e na voz.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos tem a doença. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas convivam com esse diagnóstico.
A perda auditiva e a epilepsia podem indicar sinais precoces do mal de Parkinson, fatores que até então não eram ligados ao diagnóstico da doença. A conclusão é de pesquisadores da Universidade Queen Mary, de Londres.
O estudo analisou dados médicos de mais de 1 milhão de moradores de Londres durante quase 20 anos, entre 1990 e 2018, para explorar os primeiros sintomas e fatores de risco com o objetivo de entender como a doença de Parkinson se manifesta antes do surgimento de sinais mais severos.
O resultado da análise foi surpreendente. Vários sintomas surgiram nos pacientes até uma década antes do diagnóstico de Parkinson, entre eles os já conhecidos tremores nas mãos (até 10 anos antes) e problemas relacionados à memória (até cinco anos antes).
Porém, chamou a atenção a grande incidência de casos de perda auditiva e epilepsia em pessoas que, mais tarde, foram diagnosticadas com Parkinson. Até então, esses sintomas não eram ligados à doença.
De acordo com a neurologista Cristina Simonet, os resultados da pesquisa londrina revelaram que a perda auditiva e a epilepsia são novos fatores de risco, sintomas precoces do mal de Parkinson.
“É importante que profissionais do atendimento primário de saúde estejam cientes dessas ligações e entendam o quão cedo os sintomas de Parkinson podem aparecer, para que os pacientes obtenham um diagnóstico o quanto antes e os médicos consigam agir precocemente, oferecendo tratamentos capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas”, informa a principal autora do estudo.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)