No sábado passado (2/7), escrevi sobre as questões da idade. Fato. Na segunda-feira (4/7), o leitor Roberto Brandão escreveu um texto, do alto dos seus 80 anos, e enviou. Achei interessante, vejam vocês:
“Aos 80: idoso ou ancião? Você decide. Para quem chega aos 80 hoje, a pessoa costuma não parecer ter tanta idade. Vejam Gilberto Gil, compositor, cantor e imortal da ABL, em plena forma, e que vem trazendo com ele outros nomes famosos como Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Milton Nascimento, o Bituca, todos oitentões, e mais ativos do que nunca. É o meu caso, cheguei lá e ainda não me sinto assim tão velho. Voltando no tempo, me lembro de que para entrar na casa dos "legalmente idosos", contava-se a partir dos 60 anos. Estão aí as 'mordomias', que não me deixam especular, oferecidas para essa turma, especialmente as filas nos bancos, nas padarias, assentos e passagens nos ônibus, metrôs, entradas de cinema e teatro, e por aí afora. Isto tem a ver com o Estatuto do Idoso.
Sem ficar filosofando, e já viajando um pouco, vemos que ao longo da história, esse conceito de velhice vem mudando. Nas fotos do meu casamento, lá está a mamãe, de vestidinho novo, saltinho, cabelos arrumados no cabeleireiro, parecendo uma velhinha bem-arrumada – no entanto, ela tinha somente 56 anos. Um brotinho!
O mais chocante são mesmo os tais álbuns de fotografias. Outro dia, peguei uma turma aqui em casa procurando fotos de um determinado acontecimento familiar. Que tristeza. Ao final, estavam todos se comparando no antes e no depois e, claro, numa decepção coletiva. De lado, tomando umas cervejas e atento aos comentários, fiquei tentando ler os pensamentos pela variação das fisionomias e notei que a cada álbum revisto, a decepção aumentava.
Pesquisando no 'doutor' Google, vi que quem está na faixa entre 75 e 80 anos é classificado de ancião, que vem depois do idoso, propriamente dito. O Projeto de Lei 5.383/19 altera a legislação vigente para que as pessoas sejam consideradas idosas a partir dos 65 anos, e não mais 60. Em análise na Câmara dos Deputados, o texto altera o Estatuto do Idoso e a Lei 10.048/00, que trata da prioridade no atendimento.”
Senhor Roberto, é isso mesmo. Os sessentões de hoje são muito mais jovens do que os sessentões dos anos 1960. Mas a lei existe e temos direito a ela. Resta a nós, os acima de 60, que estão mais “enxutos”, dinâmicos e ágeis, usar de bom senso e deixar pessoas mais idosas passarem na frente. O senhor já deve ter percebido que bancos e demais instituições já fizeram uma separação na distribuição de senhas: prioridade e prioridade 80+, em que estão incluídos também os portadores de necessidades especiais e gestantes.
Devemos ficar felizes por termos uma qualidade de vida melhor, por podermos usufruir da vida com vitalidade por mais tempo. Isso é muito bom. Afinal, neste país, passamos a vida toda trabalhando, a aposentadoria só chega quando estamos com mais de 60 anos. Antigamente, muitos não tinham condições físicas de aproveitarem o merecido descanso com viagens e passeios. Agora, temos essa oportunidade. Viva a vida!
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)