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Estado de Minas ANNA MARINA

Férias na Europa? Só se você quiser sofrer

Companhias cancelam voos a torto e a direito, filas de check in estão enormes, passageiros perdem a viagem e foi instituído o sistema 'selfsevirese'


08/07/2022 04:00 - atualizado 07/07/2022 20:50

Malas na área de bagagens do aeroporto de Londres
Com falha mecânica na área de bagagens do aeroporto de Londres, as malas se misturaram e os caos se instalou (foto: Internet/reprodução)

Quando começou a flexibilização depois que acabou o lockdown da pandemia e as pessoas já tinham tomado duas e até três doses da vacina, a vida começou a retomar o ritmo normal. A primeira coisa que as pessoas quiseram foi viajar, afinal, passarinho preso em gaiola quando vê a porta aberta quer voar longe.

Por aqui, começamos a reclamar muito dos altos preços das passagens aéreas para viajar pelo Brasil. Para ir de Belo Horizonte ao Rio de Janeiro ou a São Paulo, se não comprasse com muita antecedência, e pelas empresas de milhagens que oferecem ofertas, os valores chegavam (e chegam ainda) às módicas quantias de R$ 4 mil ou mais.

E ainda tinha um problema: se comprasse com antecedência, o voo poderia ser cancelado e aí você ficava na mão de calango, porque as companhias aéreas não ligam para saber se o horário que você será realocado lhe atende.

Fui olhar uma passagem de ida para a próspera cidade de Vitória da Conquista e estava custando apenas R$ 4,8 mil, só a ida. Fiquei me perguntando o que teria lá de tão atraente para gastar quase R$ 10 mil a viagem de ida e volta.

Não tem praia, é entrada do sertão baiano e fica distante pelo menos seis horas de carro da praia mais próxima. Aí fiquei sabendo que tem uma mineração lá perto. Entendi tudo, e quem não tem nada a ver com o negócio, sofre com o oportunismo das companhias aéreas.

Aí você pensa, melhor então é ir para o exterior, e sonha em curtir alguns dias de julho no verão europeu ou quem sabe nos parques temáticos dos Estados Unidos. Maravilha.

Apesar de a passagem ser em dólar ou euro, costuma ser – comparativamente – mais barato que os voos internos. Férias programadas, passagens compradas, hotéis reservados e #partiu viagem.

Mas você chega ao aeroporto e encontra um caos, parece que desceu na sucursal do inferno. De cara, enfrenta cerca de quatro a seis horas na fila da imigração. Se estiver viajando sozinho, esquece banheiro, porque se sair da fila, perde o lugar. E se tiver conexão de voo, pode desistir, porque com certeza vai perder. Aí, babau.

As companhias British, Lufthansa, TAP e KLM estão cancelando voos a torto e a direito. Mais ou menos uns 100 por companhia, por falta de pessoal para fazer o serviço necessário.

Com a COVID, muitos funcionários foram demitidos e as empresas não esperavam um fluxo tão grande nessas férias, e não se organizaram para isso. As filas de check in estão enormes, demorando cerca de 4 horas, o que gera perda de voo. Com a soma da perda de voo, cancelamentos e falta de pessoal, o caos se instaurou.

Como em um inferno desgraça pouca é bobagem, para complicar mais, deu uma falha mecânica na área de bagagens do aeroporto de Londres e as malas se misturaram de tal forma que ficou impossível identificar os donos das bagagens.

Resultado: as empresas avisam que não darão alimentação nem hotel e instituíram o sistema “selfsevirese”, e dane-se a bagagem, ou seja, as pessoas estão ficando cerca de cinco dias, gastando em euro ou dólar, para conseguir ser realocado em algum voo para seu destino, com a roupa do corpo. Os mais prevenidos que levam uma ou duas mudas de roupa na mala de mão conseguiram certo alívio.

As fotos que as pessoas estão postando nas redes sociais são de arrepiar os cabelos. Alguns, para piorar a situação, não conseguiram hotel e estão há dias no aeroporto, com a mesma roupa e sem banho.

Melhor nem pensar no estado deplorável dessas pessoas – e como será viajar ao lado delas quando conseguirem ser encaixadas em algum avião. Socorro.

Melhor mesmo é ficar por aqui, curtindo o friozinho de nossas montanhas, no conforto de nossa casa.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)

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