Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Quer pedir um carro de aplicativo? Antes, enfrente abuso e desrespeito

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Apesar de ter a facilidade de poder chamar o carro por aplicativo – para quem tem celular –, e pelo aumento de oferta, uma vez que agora temos os carros de aplicativo, a verdade é que os usuários continuam penando e aguardando horas para conseguir serem atendidos.





Tenho carro, mas muitas vezes, até por questão de estacionamento, opto por ir de táxi. Quando surgiu o Uber, foi uma maravilha porque essa concorrência fez os taxistas melhorarem em muito o seu atendimento a nós, clientes. Infelizmente, houve muitas brigas, físicas inclusive, ataques com dano aos carros, e até violência contra os motoristas. Paralelamente a isso, as ações na Justiça, liminares etc, até que tudo entrou no seu devido lugar e todos trabalham em pacífica convivência.

Porém, existe uma grande diferença: o profissionalismo.

O que começou como exemplo, degringolou. Diminuiu a educação, mas o pior é o desrespeito com constantes e sucessivos cancelamentos. De uns tempos para cá, os motoristas do Uber aceitam a corrida. Ficamos esperando cerca de cinco a 10 minutos e, quando eles estão quase chegando, cancelam a corrida. Somos obrigados a pedir novo carro, aguardar até ser localizado e esperar mais até chegar. E geralmente ocorre novo cancelamento. O fato se repete umas três, quatro e até cinco vezes.

Quando nós cancelamos a chamada, dependendo do tempo que levamos para fazer o cancelamento, pagamos uma taxa. E, independentemente disso, recebemos uma pontuação negativa. Ficamos com o nome “manchado”. Gostaria muito de saber o que a empresa faz com esses motoristas que estão cancelando as corridas depois de aceitá-las. Isso para nós é mistério.





O cancelamento ocorre, geralmente, quando o trecho a ser percorrido é pequeno. Ou seja, viagem curta, valor baixo. Se entra uma viagem mais longa, o motorista cancela a curta e pega a mais distante. Não existe compromisso com o cliente. Certa vez, perguntei ao motorista sobre isso e ele disse que não sabem o destino que vão atender. Sinceramente, não acredito, porque somos obrigados a dar essa informação quando fazemos a chamada.

Outro problema – esse mais raro, graças a Deus – são os casos de agressão que alguns passageiros têm sofrido. Alguns deles são registrados por outro passageiro ou por câmeras de trânsito ou de segurança de alguma casa e são colocados nas redes sociais. É assustador, casos para serem tratados pela polícia.

Conversando sobre isso com algumas amigas, uma delas disse que há bastante tempo só chama uma empresa de táxi, que também tem aplicativo, e dá desconto. Passei a usá-la. O bom é que eles não cancelam nunca. Uma garantia muito importante nos dias atuais.





Sábado passado, fui ao Centro da cidade e optei por ir de táxi. Na volta, chamei pelo aplicativo da Coopertramo. Demorou bastante a achar um veículo e quando o motorista aceitou a chamada vi que estava bem distante do local. Ele veio e a primeira coisa que fiz foi agradecê-lo por ter aceitado a corrida estando tão longe. Ele ficou admirado de eu ter agradecido e me contou que tinha acabado de deixar uma outra passageira, que também tinha demandando um longo deslocamento. Ao contrário de mim, ela não ligou para isso e, no final, ao pagar – em dinheiro – ele teve dificuldade com o troco. E, apesar de a corrida já estar com desconto, ele foi obrigado a dar mais R$ 0,90 de desconto porque ela não abriu mão do valor.

Fiquei pensando em como o ser humano é complicado enquanto o ouvia dizer como estava feliz em receber um agradecimento, um reconhecimento por sua atenção, depois de ter enfrentado uma quase discussão por causa de menos de R$ 1. O pior é que por causa de tudo isso ele esqueceu de baixar a bandeira. Claro que dei um valor a mais, já estava pensando nisso, como forma de retribuição.

Enfim, fica o agradecimento ao profissionalismo dos taxistas que respeitam os clientes e não cancelam as chamadas, e o alerta ao pessoal da Uber, que vai perder terreno se não tomar uma atitude com relação a essa atitude desrespeitosa de seus motoristas. Estive recentemente em São Paulo e isso não ocorre por lá. Pelo visto, é só por aqui.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)