Há dois anos, estudo realizado pelo Met Office, serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, estimava que, em 2050, o verão por lá teria temperaturas de 40ºC. Não levou tanto tempo assim. No fim de semana passado, as temperaturas da França, Reino Unido, Portugal e Espanha chegaram lá.
Leia Mais
Zé Carioca, oitentão, ganha série de celebraçõesAlergias: dicas para arrumar a casaExames de prevenção são importantes, mas preocupação excessiva não faz bemJulho Verde chama a atenção para o câncer de tireoideSaiba como não deixar sua pele detonada no invernoO adeus do médico Carlos FigueroaOs governos estão pedindo para as pessoas trabalharem em casa, não usarem trens, porque os trilhos estão com ameça de derreterem. Alguns aeroportos fecharam por algumas horas porque o asfalto amoleceu. E, para piorar a situação, vários países estão sofrendo com grandes incêndios e os bombeiros estão com exaustão. O calor já matou mais de mil pessoas no continente.
O medo dessa onda de calor chegar por aqui já foi afastado pelos especialistas, que afirmam que a propagação das ondas na atmosfera seguem um sentido zonal, ou seja, são paralelas às linhas de latitude da Terra.
Tudo isso é o resultado do que nós, os homens, ditos seres racionais, fizemos e continuamos a fazer ao mundo em que vivemos. Antes fossemos irracionais e vivêssemos por instinto, porque nunca vi nenhum animal irracional destruir sua morada.
Mas a ganância e o poder, o desejo por riqueza como desculpa de progresso – diga-se de passagem muitas vezes desnecessário – levaram a isso. Parece que metade da Amazônia, chamada o pulmão do mundo, já foi desmatada. E o que fizeram todos os homens que sentaram na cadeira máxima do nosso país para impedir? Nada.
Sim, porque não se pode culpar um ou outro presidente por uma coisa que vem ocorrendo há décadas. A culpa de todos.
Uns colocaram satélites para observar e ver possíveis desmatamentos, outros criaram uma bolsa floresta – não sei se este é o nome correto –, que paga cerca de R$ 2 mil ou R$ 3 mil para famílias denunciarem os desmatadores. Provavelmente, embolsam o dinheiro e ainda recebem mais dos criminosos pelo seu silêncio, porque se denunciarem devem correr risco de serem mortos, já que os bandidos agem assim.
E por aí vai, mundo a fora, a agressão à natureza para criar metrópoles, subir espigões, montar fábricas, assorear rios, poluir o ar. E quando a natureza grita e reage, devolvendo para nós as consequências de nossos atos, reagimos com espanto.
Não dá para acreditar que nas reuniões nenhuma pessoa levantou essa lebre. Décadas se passaram até que organizações sérias levassem a questão para a ONU. Vários encontros mundiais passaram a ser feitos com compromissos das grandes nações de diminuir emissões poluentes e outras tantas coisas. O problema é que na prática não cumprem o combinado, e o combinado também não é suficiente para compensar o estrago que já foi feito. É tapar o sol com a peneira.
E os filmes de ficção que foram feitos, mostrando um mundo sem água, seco, sem vegetação, com pessoas morrendo, dominado por robôs está praticamente deixando de ser invenção surreal para virar realidade.
Há alguns anos temos visto chuvas fortíssimas, que em uma semana derramam o programado para o mês todo. As secas têm se estendido por meses, períodos muito maiores que os previstos. O frio tem sido mais rigoroso e o verão mais quente. E os arquitetos, que estudam tudo isso, continuam construindo edifícios enormes, todo de vidro, coisa que até leigos sabem que não contribui em nada para minimizar calor.
Ou seja, o que importa é o desejo e não o bem-estar, a saúde e o futuro. Que pena.
(Isabela Teixeira da Costa/ Interina)