Nunca soube que chocolate estragava. Aprendi com uma péssima experiência e tenho que alertar o leitor. Semana passada, “envenenei” minha filha. Isso mesmo, foi sem querer, mas ela passou muito mal.
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Minha filha é chocólatra e, vez ou outra, pergunta se não tenho nenhum chocolate. Pois bem, semana retrasada, fez o pedido e lembrei do chocolate que havia ganhado há uns 20 dias e estava bem guardado. Dei a ela, mas não sem antes abrir e verificar se não estava esbranquiçado.
Sempre achei que essa era a imagem máxima de um chocolate velho, mas nunca estragado. Não tinha mofo, nem bolor e nem estava esbranquiçado. Dei a ela, que, pelo que vi no dia seguinte, deu três mordidas pequenas.
Sempre achei que essa era a imagem máxima de um chocolate velho, mas nunca estragado. Não tinha mofo, nem bolor e nem estava esbranquiçado. Dei a ela, que, pelo que vi no dia seguinte, deu três mordidas pequenas.
No dia seguinte, ela me chama no seu quarto, branca. Tinha passado a noite com sessões constantes de diarreia e vômitos. O vômito melhorou, mas ela não conseguia comer nada porque o enjoo continuou, mesmo após conseguir tomar um Vonau.
Isso continuou por três dias, e só então consegui levá-la ao hospital. Depois de exames, soro e vários medicamentos na veia, relaxei achando que estaria curada. Que nada. No sábado pela manhã, o vômito voltou com força total, e no domingo também. Só foi melhorar na segunda-feira.
Isso continuou por três dias, e só então consegui levá-la ao hospital. Depois de exames, soro e vários medicamentos na veia, relaxei achando que estaria curada. Que nada. No sábado pela manhã, o vômito voltou com força total, e no domingo também. Só foi melhorar na segunda-feira.
Nos primeiros dias, conversando com ela, disse que nunca soube que chocolate puro estragava, e foi quando ela disse que não era puro, tinha até sabor de licor. Desesperei, mas não podia fazer mais nada, a não ser tratar dela e pedir a Deus para curá-la.
Resolvi então pesquisar sobre esse néctar dos deuses, porque todos com quem conversei reagiam com o mesmo espanto, quando eu ainda achava que era puro chocolate. Fica aqui um alerta para lojas e empresas de marketing: nunca troquem o produto de embalagem, porque a gente fica sem referência da data de validade.
Na pesquisa que fiz, descobri que todos os tipos de chocolate podem sofrer danos se forem guardados em lugares muito úmidos, escuros e com temperatura alta. O chocolate estragado pode estar esbranquiçado, cheio de bolinhas na parte superior e com sabor bem diferente.
Esses problemas, tecnicamente conhecidos como fat bloom e sugar bloom, podem ser reclamados pelo consumidor, pois além de prejuízo financeiro, o descuido da empresa ou da loja na armazenagem pode resultar até na presença de algumas larvas dentro do chocolate.
Inclusive marcas conhecidas já passaram por esses problemas e foram obrigadas a ressarcir os consumidores. O fungo, por si só, não causa mal, mas alguns tipos produzem micotoxinas que causam desde intoxicações alimentares até câncer do sistema hepático.
Inclusive marcas conhecidas já passaram por esses problemas e foram obrigadas a ressarcir os consumidores. O fungo, por si só, não causa mal, mas alguns tipos produzem micotoxinas que causam desde intoxicações alimentares até câncer do sistema hepático.
Aproveitando o tema, vou falar da campanha Doce Veneno, que alerta sobre os problemas de saúde causados pelo consumo excessivo de bebidas açucaradas. Simples assim: a indústria produz, a propaganda vende, a sociedade paga.
Um ciclo que começa com incentivos fiscais concedidos aos fabricantes e termina provocando obesidade, diabetes, câncer e complicações cardiorrespiratórias, entre outros problemas de saúde. No Brasil, o tratamento dessas doenças custa, por ano, R$ 3 bilhões ao SUS. Só os casos de diabetes passam de 1,3 milhão.
Um ciclo que começa com incentivos fiscais concedidos aos fabricantes e termina provocando obesidade, diabetes, câncer e complicações cardiorrespiratórias, entre outros problemas de saúde. No Brasil, o tratamento dessas doenças custa, por ano, R$ 3 bilhões ao SUS. Só os casos de diabetes passam de 1,3 milhão.
O novo filme publicitário mostra a quantidade de açúcar ingerida em um único dia por uma pessoa que tem o hábito de consumir bebidas açucaradas durante e entre as refeições diárias, e faz um alerta sobre os danos à saúde que podem ser causados por esse consumo.
Além da conscientização, o movimento propõe várias medidas, como a adoção de impostos diferenciados para ajudar nos gastos com as doenças causadas pelo consumo de refrigerantes, sucos de caixa etc. Ainda na área da tributação, as organizações sugerem o fim do subsídio de R$ 3,8 bilhões concedido, por ano, a fabricantes de refrigerante, e o fim das propagandas de refrigerantes. Vamos ver se conseguem. Acho difícil.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)