Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

O plissado nunca mais foi o mesmo depois de Issey Miyake

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


O mundo perdeu mais um gigante da moda. O estilista japonês Issey Miyake morreu aos 84 anos, vítima de câncer no fígado. Ele foi responsável por unir o Oriente ao Ocidente. Ficou famoso por seus modelos plissados e atemporais, que não amassam, e pelo suéter de gola alta usado por Steve Jobs.





Miyake ganhou destaque internacional na década de 1980 com seu design de vanguarda. Projetos dele estão preservados no Victoria and Albert Museum de Londres, Museu de Arte Moderna de Nova York e Museu de Arte da Filadélfia, entre outras instituições.

O estilista nasceu em 22 de abril de 1938, em Hiroshima. A bomba lançada sobre a cidade em 1945 o deixou com dificuldade de caminhar, mas nunca mencionou sua infância para não ser conhecido pelo acidente. Em 2009, escreveu sobre a experiência em um editorial de apoio ao desarmamento nuclear, publicado no New York Times.

Criação de Issey Miyake para a primavera-verão de 2023, exibida na Paris Fashion Week (foto: ulien de Rosa/AFP)


Ele queria ser dançarino e atleta, mas quando viu as revistas de moda da irmã, apaixonou-se e mudou o rumo de sua história. Estudou design gráfico na Tama Art University, em Tóquio, e em 1965 foi para Paris, onde estudou na École de la Chambre Syndicale de la Couture Parisienne, centro renomado de alfaiataria. Trabalhou para Guy Laroche e Hubert de Givenchy, dois ícones da alta-costura, antes de se mudar para Nova York para ajudar Geoffrey Beene.





Ao voltar para Tóquio em 1970, fundou o Miyake Design Studio, de moda feminina. Seus primeiros desenhos misturavam com maestria Oriente e Ocidente, usando técnicas japonesas de bordado e desenhos de tatuagem. Foi na década de 1980 que ele começou a desenvolver um novo tecido, capaz de se expandir verticalmente com centenas de pequenas dobras, inspirado nos vestidos de seda plissados Delphos, desenhados por Henriette Negrin e seu marido, Mariano Fortuny, no início do século 20.

Desfile da coleção feminina outono-inverno 2020-2021, em Paris (foto: François Guillot/AFP)


O estilista japonês levou essa ideia um passo adiante, misturando técnicas tradicionais e recém-desenvolvidas para criar roupas plissadas permanentes que eram ao mesmo tempo vanguardistas, confortáveis, arquitetônicas e naturais.

Inovador e dono de criatividade majestosa,  Issey Miyake sempre surpreendia com suas invenções. Em 2007, lançou o Reality Lab para explorar materiais duráveis e ambientalmente sustentáveis. Recebeu vários prêmios por seu trabalho como designer de moda e também como artista.

Em 2005, Miyake  ganhou o Praemium Imperiale de Escultura; em 2006, o Prêmio de Artes e Filosofia de Kyoto; em 2010, recebeu a Ordem de Cultura do Japão. Em 2014, conquistou o 23º Prêmio Compasso d'Oro ADI, com a família de luminárias IN-EI Issey Miyake, Artemide.

Isabela Teixeira da Costa/Interina