Ter um bebê é momento carregado de expectativas. Mas, além da alegria, muitas mulheres acabam sofrendo de ansiedade e depressão. Embora até metade das novas mães possam experimentar pelo menos sintomas depressivos menores, especialistas dizem que a condição nem sempre é diagnosticada e tratada, aumentando o risco de problemas cardíacos e de complicações de saúde para mãe e filho.
Confesso que não entendo alguns casos de depressão pós-parto. Quando se trata de um filho que não foi desejado e planejado, é mais fácil entender o problema, que é grave, pois geralmente a mãe não consegue olhar e nem tocar no bebê. Porém, sempre tive dificuldade de compreender o problema de mães que desejavam muito o filho, porque acho que o nascimento, neste caso, é momento de grande alegria. Mas acontece.
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“Embora não exista apenas uma causa conhecida para depressão pós-parto, ela pode estar associada a fatores físicos, emocionais, estilo e qualidade de vida, além de ter ligação com o histórico de outros problemas e transtornos mentais. A principal causa da depressão pós-parto é o enorme desequilíbrio de hormônios em decorrência do término da gravidez”, explica o doutor Fernando Prado.
Entre os hábitos que influenciam o surgimento da doença, muitos se tornaram comuns nestes anos de pandemia da COVID-19: privação do sono, isolamento, alimentação inadequada, sedentarismo, ansiedade, estresse e a própria depressão.Mais da metade das mulheres com esse tipo de depressão não são diagnosticadas e 85% não recebem tratamento, o que pode levar a complicações durante a gravidez, o parto e o período pós-natal. Nos casos mais graves, a depressão perinatal pode aumentar o risco de a mãe pôr fim à própria vida ou à do filho.
“A depressão que começa durante a gravidez e se estende pelo período pós-parto pode fazer com que a mãe interaja menos com a criança. Dessa forma, são emocionalmente potencializados sintomas como irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e desesperança, diminuição da energia e da motivação, desinteresse sexual, transtornos alimentares e do sono, ansiedade e sentimentos de incapacidade de lidar com situações novas”, diz o médico.
Nem os casos mais leves de depressão e ansiedade devem ser ignorados. Trata-se de um momento realmente crítico para mãe e filho. A saúde mental da mãe pode afetar seu coração e outros aspectos físicos – bem como o bem-estar de toda a família – durante a gravidez e além dela.
Pesquisas apresentadas em 2018 mostraram que mulheres que sofrem de depressão pós-parto podem ter quase 70% mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares cinco anos após dar à luz. Pacientes que desenvolvem pressão alta ou diabetes durante a gravidez correm maior risco para essas condições mais tarde na vida. Mulheres que sofrem de depressão são mais propensas a ter episódios depressivos subsequentes, incluindo o risco continuado de suicídio.
Além de nascerem prematuros, bebês cujas mães sofrem de ansiedade ou depressão durante a gravidez têm maior probabilidade de apresentar baixo peso e saúde mais precária, tornando-se mais propensos a serem mantidos no hospital por mais tempo. Também podem ter problemas comportamentais e emocionais durante a primeira infância.
Quando surge o problema, familiares e amigos devem saber que ele é comum e há tratamento disponível. O autocuidado é muito importante também. Medicação e psicoterapia podem ajudar, assim como coisas mais simples, como fazer caminhada com o bebê ao ar livre no período da manhã, quando o sol ainda não está forte, e se alimentar de forma saudável. A mãe deve fazer algo de que goste com os amigos. Pode se exercitar e meditar, por exemplo.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)