O ser humano tem o costume de sempre achar que a grama do vizinho é mais verde do que a dele. Podemos colocar esse sentimento em duas contas: a da insatisfação com o que tem ou a da inveja. E devemos parar um pouco para refletir sobre esses dois aspectos.
Vamos começar pela insatisfação. Pessoas insatisfeitas não se alegram com conquistas e preferem focar no que não têm, algumas nem reconhecem as conquistas. Um dos problemas é essa insatisfação se tornar crônica. Quando é assim, a pessoa, geralmente reclama de tudo e não sabe ver o lado positivo das coisas, mesmo tendo uma vida boa, estável, bem-sucedida.
Isso faz com que ela não consiga aproveitar o lado bom da vida. É claro que em algumas ocasiões é natural sentir insatisfação e desapontamento. Esse sentimento é, inclusive, importante porque é o que nos leva a querer mudar o nosso entorno para progredir e viver melhor, o problema é quando só se vive na insatisfação.
Esse fato está mais latente atualmente em virtude das redes sociais, que só mostram o lado lindo e bom da vida de todos, e quando olhamos para nossa vida e percebemos que não está assim, o sentimento negativo aflora. Porém, temos que ter o discernimento para reconhecer que, na maioria das vezes, as pessoas mostram um mundo de faz de conta, o desejo e não a realidade nua e crua. Sabemos que apenas uma minoria da população mundial leva uma vida de sonhos. Ninguém é perfeito e todos têm problemas.
Mas como tratar a insatisfação crônica? Segundo especialistas, o primeiro passo é admitir o problema e querer mudar. A partir daí, estabelecer metas coerentes com sua trajetória e valores pessoais; evitar fazer comparações com a vida alheia; criar o hábito de agradecer diariamente; lembrar de onde você veio e tudo o que já fez para chegar até aqui; focar no essencial; deixar de querer sempre mais e, se precisar, buscar apoio psicológico.
Agora, vamos falar da inveja. É um sentimento com o qual todos convivem em algum momento da vida. Trata-se de um desejo de possuir o que o outro tem; portanto, se caracteriza pelo desgosto diante da felicidade alheia. Vale lembrar que esse sentimento vem acompanhado do desejo de que ocorra algo de ruim à pessoa que tem o que você quer.
Tem uma fábula bem interessante que representa muito bem a inveja. Uma fada aparece a um invejoso e diz que pode conceder a ele tudo o que quiser, com a condição de que seu vizinho ganharia o dobro do que o invejoso desejasse. Ao saber disso, o homem pede à fada que lhe arranque um olho.
Mas qual a diferença entre inveja, cobiça e ciúme? Ciúme é o medo de perder algo que o indivíduo acredita ser só seu – um bem material, um melhor amigo ou amiga, um familiar, um parceiro ou parceira etc. É um sentimento exacerbado de posse. A cobiça é querer algo que o outro tenha. Pode ser um carro ou uma casa, por exemplo, ou um corte de cabelo, uma roupa ou até mesmo condutas pessoais. Mas sem desejar mal ao outro indivíduo. A inveja, como explicado, é um sentimento de ódio ou pesar provocado pelo bem-estar ou prosperidade do outro, além de um desejo muito forte de desfrutar algum bem possuído ou desfrutado por outra pessoa.
Esses três sentimentos são comuns a todos nós. Porém, a inveja é o único que não tem nada de positivo, pois o invejoso quer destruir o que o outro tem, fica feliz com a infelicidade do outro.
Um lavrador tinha uma plantação de milho especial, era o melhor de todo o país. Suas sementes eram de primeira qualidade. Na época do plantio, ele dava a todos os fazendeiros vizinhos uma quantidade razoável de suas sementes. Um comerciante o questionou sobre o fato, alegando que estava abrindo concorrência com ele mesmo. E o lavrador respondeu: “A polinização é muito importante. Se os meus vizinhos tiverem uma boa plantação, a polinização que chegará às minhas terras será de qualidade e isso dará mais qualidade ainda ao meu produto”.
Essa deve ser a nossa mentalidade, desejar o melhor para quem está ao nosso redor, para recebermos o melhor. Temos que parar de pensar egoistamente. Amanhã, falarei dos tipos de inveja e como reconhecer e lidar com isso.