Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Um passeio à Pampulha e várias reflexões sobre o Alzheimer

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Na quarta-feira passada, Nazareth Teixeira da Costa e eu fomos com a empresária Jussara Almeida conhecer seu salão de festas, a Casapampulha, na orla da lagoa – espaço maravilhoso, onde faremos o Feijão Solidário da Jornada Solidária Estado e Minas, em 22 de outubro. No caminho, o que não faltou foi um bom papo. Afinal, depois de tanto tempo sem conviver, qualquer tempinho é usado para matar a saudade e colocar as novidades em dia.





Uma das coisas que conversamos foi sobre o número de pessoas na casa dos 50 e 60 anos que estão aparecendo com o mal de Alzheimer de uma forma galopante. Não tem como não se assustar com as notícias. Um dos casos, uma mulher ativa, professora, que com 54 anos começou com a doença e, em menos de seis anos, já estava na cadeira de rodas, sem conhecer o marido e as filhas.

Em outro caso, a doença começou aos 62 e foi uma evolução galopante. O terceiro foi de uma mulher de 70, que deu um chá de sumiço nas amigas e, quando souberam, estava com Alzheimer sem conhecer ninguém. Por fim, um empresário, de 68, que em apenas quatro meses desenvolveu a doença e já não conhece mais os filhos.

Claro que a primeira coisa que falamos foi da necessidade de trabalhar a mente, mas, nesses casos, todos eram profissionais ativos, liam, faziam palavras cruzadas e alguns praticavam atividade física com frequência. Todas as recomendações médicas para prevenir esse mal que aterroriza os mais velhos. E agora, José? É possível prevenir precocemente o Alzheimer?

É exatamente isso que a quinta edição da Jornada Paulista de Alzheimer se propõe a evidenciar: a necessidade de um diagnóstico precoce para que se estabeleçam novos critérios no tratamento. A ciência já concluiu que os processos neurodegenerativos se iniciam até duas décadas antes das primeiras manifestações clínicas, algumas vezes com sintomas diferentes das clássicas dificuldades de memória.





O encontro será no dia 17, on-line, e a aula inaugural trará conceitos sobre como, quando e para quê se busca o diagnóstico precoce de doença de Alzheimer com o médico neurologista norte-americano Kirk Daffner, chefe da Divisão de Comportamento Cognitivo Neurológico de Harvard.

Os primeiros sinais da doença de Alzheimer e outras patologias neurodegenerativas podem ser alterações de comportamento ou transtornos de humor. Segundo o neurologista Fábio Henrique de Gobbi Porto, depósitos de proteínas específicas, como a beta-amiloide e a tau, podem ser notados no tecido cerebral através de exames de cintilografia; as mesmas proteínas podem ser dosadas no líquor e outros fluidos, como sangue e saliva.

Novas drogas começaram a ser desenvolvidas e pela primeira vez visando impedir ou conter os processos responsáveis pela neurodegeneração. A primeira droga com ação modificadora da doença de Alzheimer, o aducanumabe, foi aprovada em caráter emergencial pelo FDA (agência estadunidense que regulamenta medicamentos e alimentos), sob grande polêmica. No Brasil, a Anvisa barrou a chegada da medicação no início deste ano. No entanto, outras tantas estão em vias de ter seus estudos divulgados e prontamente serão submetidas à análise dos órgãos competentes.





Depois de toda a conversa, Nazareth contou sobre uma oração que encontrou nas coisas de sua mãe, que era uma pessoa muito ativa, morreu bem idosa e completamente lúcida. É a Oração de Nossa Senhora da Cabeça, que vou transcrever aqui, para quem quiser: “Ó Maria, que sois Nossa Senhora da Cabeça e nossa mãe, socorrei-nos em nossas aflições, doenças tristezas, dificuldades e preocupações com o vosso poder maravilhoso. Confiamos em vossa maternal proteção, na certeza de ser atendidos. De modo especial, conservai-nos a saúde e integridade mental. Amém”. Segundo Silvia Guimarães, mãe de Nazareth, reza-se com novena Pai-nosso, Ave-Maria e Glórias, três vezes: Nossa Senhora da Cabeça, rogai por nós.

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)