O que foi novidade no New York Fashion Week, que arrebatou o mundo, já é notícia velha por aqui. Desta vez, quem foi copiado fomos nós, os brasileiros. E depois nos chamam de terra tupiniquim. Somos, sim, tupiniquins com muito orgulho, pois é graças a essa miscigenação que somos um poço infindável de criatividade e ousadia.
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A cantora Anitta não perdeu tempo e, em 2017, lançou a música “Vai malandra” e no clipe do single usou um ousado modelo do biquíni de fita isolante. Arrebatou corações, ganhou muitas curtidas, a música estourou nas paradas, ganhou prêmio e mostrou, mais uma vez, que a popstar brasileira faz questão de estar próxima do povo, no que diz respeito ao que está em voga.
Em 2020, aqui em nossa terra, foi lançada a sunga de fita isolante. A moda não pegou muito, era uma sunga X 40 biquínis por dia. Imagino que contava muito o medo de soltar e depois a dor da depilação “inevitável” na hora da retirada, em uma região tão sensível.
Pois bem, as modelos causaram estrondo, foram motivo de artigos e suas fotos estamparam sites e jornais. A fita isolante recebeu o nome de "fita de sexo" pelos americanos. Tudo foi parte do Projeto da Fita Preta, uma iniciativa de moda não convencional sonhada pelo autoproclamado "pioneiro" da fita adesiva corporal Joel Alvarez.
Mas, enfim, como tudo que é importado tem mais valor, o chamado "Rei da Fita" estreou a sua última linha de banho em fita na Fundação Angel Orensanz, agora em setembro, em Manhattan, com desenhos minimalistas. E, segundo diz, se inspirou por um encontro que teve quando trabalhava como fotógrafo de moda, em 2008. Em início de carreira, uma modelo "sugeriu que eu usasse fita isolante adesiva nela para o último olhar”, disse ele. Pois bem, sou curiosa e fiz uma pesquisa na internet, não encontrei absolutamente nada datado de antes de 2017. E nessa época o ti-ti-ti sobre o clipe da Anitta já estava rolando solto.
A cobertura mais antiga que achei foi de maio de 2017. Ele substituiu a roupa de modelos por fita isolante e as levou para casas noturnas de Miami, na Flórida (EUA), principalmente aquelas ligadas ao fetichismo, ao erotismo e ao hedonismo. “O impacto da investida foi grande. Depois, a trupe adesivada desembarcou em Nova York e Las Vegas, e a vestimenta do Black Tape Project acabou copiada por frequentadoras de boates na terra do Tio Sam. Em alguns países da Europa, a moda também desembarcou.”
Enfim, voltando ao estilista “inovador”, segundo ele disse, atualmente está voltado e concentrado no ensino e educação dos outros, encorajando o mundo a experimentar este novo gênero de arte corporal com uma coleção da nossa própria fita adesiva corporal segura para a pele, que desenvolveu a partir dos seus projetos no passado. Mas toda essa história me lembrou uma famosa frase de Chacrinha parafraseando Lavoisier: “Nada se cria, tudo se copia”.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)