Notícias de perda de pessoas queridas sempre nos chocam, assustam e entristecem. Porém, algumas pessoas deixam marcas mais profundas. Foi assim com a triste notícia da morte do empresário Lúcio Costa, na última sexta-feira (30/9).
Poderíamos dizer que foi pelo fato de ele ter apenas 76 anos – sim, esse foi um dos fatores. Outro motivo foi por ter pegado a todos de surpresa. Segundo sua mulher, Patrícia, me contou, ele assistiu ao debate na noite de quinta-feira (29/9) e foi dormir mais tarde. Ela acordou cedo na manhã de sexta – tinha um compromisso – e avisou a seu braço direito que deixasse o marido descansar mais, porque tinha ido dormir tarde. Lúcio sempre acordava cedo.
Devido à comoção geral, acredito que perdemos uma pessoa excepcional, um amigo, um ser humano que tinha um coração maior do que ele. O espaço do velório foi pequeno para receber o grande número de pessoas, que fizeram questão de ir se despedir do amigo e abraçar a família.
Lúcio era alegre, brincalhão. Sempre que chegava perto de alguém fazia piadas. Tinha uma específica para cada amigo ou amiga. Sempre respeitosas – pelo menos perto das mulheres – e sempre as mesmas. Era uma forma de carinho, de personalizar cada um.
Começou de baixo e não tinha vergonha de falar de suas origens. Contou sua história centenas ou milhares de vezes, em entrevistas a jornais, revistas e TV. E não satisfeito, quando a Suggar completou 40 anos, fez uma revista em quadrinhos contando sua trajetória, da qual tinha grande orgulho.
Para quem não sabe, Lúcio perdeu o pai aos 12 anos. Vendo a mãe e os irmãos desamparados, mesmo sendo ainda criança, chamou a responsabilidade de manter a família para si. Começou a catar chumbo, metal, cobre e alumínio nas ruas e vender para ferro velho. Dava todo o dinheiro para sua mãe. Chegou um circo na cidade e ele foi vender balas por lá. O dono de uma mobiliadora ficou impressionado com ele e o contratou como office-boy.
Dois anos depois, virou vendedor exemplar. Quando tinha 16 anos, atendeu tão bem um cliente que, impressionado com Lúcio, o contratou na Remington. Perto da General Eletric. Não precisa dizer que, em pouco tempo, se tornou vendedor da GE e depois foi a gerente.
Ele se casou com a arquiteta Patrícia Xavier em 1972 e começou a idealizar cozinhas de fórmica projetadas para cada cliente. Em 1979, fez sociedade com o cunhado, Fernando Xavier, e criaram o exaustor Suggar. Com muita estratégia, conseguiu vender para as grandes lojas e tornou a empresa o que é hoje. Já há alguns anos, o filho Leandro está à frente dela como CEO.
Lúcio ajudou a família, os funcionários e os amigos. Fiquei sabendo que se formou fila de pessoas tanto na porta de sua casa, na sexta-feira, quanto no velório. Todos queriam falar com a família devido ao tanto que foram ajudadas por Lúcio ao longo da vida.
Ele foi uma das pessoas mais leais que já conheci. Certa vez, chegou perto de mim e disse que tínhamos que ajudar um determinado amigo, que estava sendo colocado de lado, por alguns motivos que não vem ao caso relatar agora. Claro que montamos uma estratégia que deu supercerto. Assim era o Lúcio, amigo atento, preocupado, ligado.
A primeira vez em que fui apresentada a ele, foi na primeira reunião de elenco do “Showçaite”, show criado e produzido pelo nosso saudoso colunista social Eduardo Couri, em benefício da Jornada Solidária Estado de Minas, com elenco formado por pessoas da sociedade. Fomos colegas de palco e ficamos amigos. Sempre que um precisava do outro, era atendido na hora, sem ressalva.
Na segunda-feira (3/10), sua eterna secretária Marly, com quem eu sempre falava, me enviou mensagem para saber para onde mandaria as doações para a Jornada Solidária que ele havia combinado. Dá para explicar uma coisa dessa? Diante de tamanha dor, eles continuam atentos aos compromissos que Lúcio assumiu.
A missa de sétimo dia de Lúcio será nesta quinta-feira (6/10), às 20h, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Praça da Assembleia. Ele foi uma pessoa muito especial. Com certeza, fará falta e deixará muita saudade.
Fica a nossa homenagem, além do nosso abraço à família.