Isabela Teixeira da Costa/interina
Vai entender. Liberado desde 2015 pela Anvisa, o uso da cannabis medicinal estava melhorando – e muito – a vida de pessoas com epilepsia, artrite, esclerose múltipla e diversas outras enfermidades como ansiedade, insônia etc., tudo isso sob prescrição médica. Mas, na última sexta-feira, o Conselho Federal de Medicina (CFM) baixou norma proibindo seu uso para quaisquer outros fins que não sejam dois tipos de epilepsia ou doenças das quais o tratamento faça parte de algum estudo científico.
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De acordo com a Anvisa, o país tem 2,1 mil profissionais aptos a prescrever a cannabis. Esse número equivale a menos de 0,5% da quantidade total de médicos no Brasil. Mesmo assim, milhares de pacientes têm se beneficiado de tratamentos à base de cannabis medicinal.
Os marcos regulatórios, construídos a partir da colaboração entre universidades, centros de pesquisa, profissionais da área de saúde, setores organizados da sociedade e do governo, têm propiciado ambiente de colaboração científica poucas vezes visto no Brasil.
O compromisso institucional do grupo Health Meds (HM) é dedicar 25% da receita líquida para pesquisa e desenvolvimento, o que propiciou o investimento em um ensaio clínico inédito, que visa investigar a eficácia de canabinoides menores na enxaqueca crônica e um plano de desenvolvimento que contempla ensaios clínicos nas seguintes indicações: epilepsia farmacorresistente; dor nos cuidados paliativos no câncer; sintomas neuropsiquiátricos na doença de Parkinson; sintomas comportamentais no autismo.
Todo esse avanço ficará comprometido e os pacientes não poderão se beneficiar desse tipo de terapia por causa dessa nova resolução que limita mais ainda a prescrição da cannabis.
A HM reafirma que o posicionamento pela ciência a favor da vida faz parte de seu DNA. Ressalta que os produtos da HM têm grau farmacêutico, são produzidos a partir de canabidiol purificado e de canabinoides menores também purificados e isolados, com concentração descrita em rótulo, rastreabilidade e certificação completa de análise, realizada lote a lote.
Com a nova regulamentação, todas essas possibilidades e descobertas ficarão no desejo dos médicos e pacientes, que terão que se contentar com tratamentos convencionais e nem tão eficazes, e partir para uma “luta” pela liberação do uso do canabidiol.
“Nos solidarizamos com os médicos, pesquisadores, professores, associações de pacientes, familiares e com todos os indivíduos que contribuem para a construção de um ecossistema saudável de prescrição médica de fitocanabinoides no Brasil. O momento é de união e de diálogo. Os focos são a manutenção do desenvolvimento científico, o acesso justo pelos pacientes e o profundo respeito à autonomia profissional. Nos colocamos ao lado dos médicos, que sempre confiaram na integridade do trabalho desenvolvido pela HM”, afirmam Leandro Neto, CEO da Health Meds, e Flávio Henrique de Rezende Costa, diretor de pesquisa e desenvolvimento (P&D). É aguardar para ver aonde isso chega.