Recebemos material bem interessante da neurologista Sheila Martins, presidente eleita da World Stroke Organization (WSO), entidade internacional que busca reduzir o impacto global do AVC, e da Rede Brasil AVC.
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Não é necessário apenas reconhecermos os sintomas do AVC em tempo hábil para controlar as consequências no organismo, mas optar pelo tratamento certo o mais rapidamente possível para evitar as sequelas.
Estamos falando da alteração súbita no fluxo sanguíneo no cérebro que mata 2 milhões de neurônios por minuto, condição grave que pode resultar no entupimento da artéria e falta de circulação na região (AVC isquêmico) ou na ruptura de um vaso (AVC hemorrágico).
Só em julho, o AVC matou 8.758 brasileiros, o equivalente a 11 óbitos por hora, segundo dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil no Brasil. Os números do semestre são assustadores: 56.320 mortes por AVC, número acima das vítimas de infarto (52.665) e da COVID-19 (48.865).
O governo anunciou que fará a incorporação de uma tecnologia para tratar o AVC isquêmico (AVCi) – tipo mais frequente, que, com o recuo da pandemia de COVID-19, voltou a ser a principal causa de morte no país. Esta boa notícia precisa ser anunciada.
Minimamente invasiva, a trombectomia mecânica (TM) complementa a trombólise, única opção até então disponível na rede pública de saúde, nem sempre eficiente para os casos mais graves do AVCi.
Além de segura e eficaz, uma das grandes vantagens da TM é poder ser utilizada até 24 horas após os primeiros sintomas do AVC com sucesso, enquanto outras formas de tratamento têm janela restrita de indicação e sucesso apenas quatro horas e meia depois das manifestações iniciais da doença.
Estamos falando de uma conquista de valor inquestionável. Afinal, apenas 30% dos pacientes procuram as instituições de saúde no período de até oito horas após o início dos sintomas do AVC.
A identificação dos sintomas do AVC depende da observação e atenção de terceiros, justamente porque nem sempre o paciente percebe o que está acontecendo. Entre os sinais da doença, observamos a perda da força muscular ou formigamento nos braços ou pernas, principalmente de um lado do corpo, assimetria facial, dificuldade de fala, dificuldade da visão e desequilíbrio, além de fortes dores de cabeça de início súbito.
Qualquer desses sintomas isoladamente ou em conjunto pode ser AVC e o paciente deve ser imediatamente direcionado para um centro de AVC.
O país conta com 88 centros especializados no tratamento do AVC habilitados pelo Ministério da Saúde, mas nem todos têm estrutura e equipe necessárias para a realização da trombectomia mecânica. Ela será introduzida aos poucos nos hospitais já estruturados, pois demanda treinamento, qualificação técnica de profissionais, além da disponibilidade de hemodinâmica no hospital.
Aprovada em dezembro de 2021, mas ainda não disponibilizada pelo SUS, a trombectomia mecânica consiste na desobstrução da artéria cerebral realizada por um cateter, que leva um dispositivo endovascular, um stent ou um sistema de aspiração para remover o coágulo sanguíneo do cérebro.
Mudar o cenário do AVC está em nossas mãos. O caminho é estimular a educação da sociedade. Vamos aprender mais sobre esta doença para vencê-la.”