Técnica de psicologia, Sandya Coelho ensina como descansar: “Com frequência, ouço amigos e colegas se queixarem de se sentir cansados e precisando de férias. Eu, inclusive. Afinal, quem não gosta de aproveitar os dias de folga e lazer? Diariamente, lidamos com problemas que se tornam ainda mais difíceis de ser solucionados quando a mente está estafada e pedindo por relaxamento.
Mas o que me intriga é o fato de estarmos constantemente aguardando pelas férias para desligar. Segundo a American Psychological Association, 44% das pessoas veem mensagens do trabalho pelo menos uma vez por dia nas férias. Se até nas férias é necessário se policiar para se desligar do trabalho, o quão desafiador é adotar descansos no dia a dia?
Para reduzir o esgotamento físico e mental, algumas técnicas desligam a mente, mesmo que temporariamente, de forma que eu possa encontrar momentos de relaxamento da mente e do corpo. Afinal, o cansaço excessivo pode influenciar nossa capacidade criativa e cognitiva. Basta comparar como temos ideias e estratégias mais criativas quando a mente está relaxada.
Primeiro, é preciso deixar de associar o descanso com a falta de produção, e, sim, entender que o relaxamento é a força motriz da performance. Tendo isso em mente, o próximo passo é mudar os hábitos diários. Há diversas formas de relaxar o cérebro durante o dia a dia: cochilos à tarde, contato com a natureza, meditar. Bom seria adaptar o combo meditação + ioga.
De acordo com pesquisa realizada pelo neurocientista Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, em parceria com uma startup de biotecnologia e o professor Jon Kabat-Zinn, da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts, o mindfulness traz benefícios para o mundo corporativo. Durante o estudo, os colaboradores da startup parceira foram estimulados a praticar a meditação. Após oito semanas, os primeiros benefícios foram registrados e um deles foi a resiliência.
Cientificamente falando, segundo Davidson, quando estamos estressados, a atividade do lado direito da área pré-frontal aumenta, o que é um pouco problemático, pois é justamente o lado esquerdo que está relacionado com foco e energia. Retomando o experimento, as pessoas assistidas foram capazes de alterar a atividade neural do lado direito para o esquerdo por conta da atenção plena.
É bom usar uma licença poética para traduzir o teor acadêmico da frase “alterar a atividade neural” para inteligência emocional, soft skill cada vez mais valorizada pelo mercado e cada vez mais importante na esfera pessoal. Apesar de essa ser uma habilidade individual, ela causa um impacto coletivo.
Elaine Hatfield, professora de psicologia da Universidade do Havaí, defende que as emoções, tanto positivas quanto negativas, são contagiosas. Sendo assim, buscar pequenos descansos no nosso dia a dia tumultuado não é apenas um mecanismo de autocuidado, mas também uma ferramenta de produtividade e até mesmo de gestão de pessoas.
Na prática, cada um vai encontrar uma forma de desacelerar de acordo com o estilo de vida; opções é o que não faltam, de um cochilo até uma corrida. A única opção que está ficando antiquada é achar que a exaustão é uma métrica adequada para o trabalho.”